Jovens portugueses fumam e bebem menos, mas tomam muitos sedativos - TVI

Jovens portugueses fumam e bebem menos, mas tomam muitos sedativos

Álcool (Reuters)

Estudo indica que consumo de álcool e de tabaco diminui na Europa, com Portugal abaixo da média europeia. Inquérito europeu sobre consumo de álcool, tabaco e outras drogas entre os adolescentes, apresentado esta terça-feira, tem boas e más notícias

Nos últimos quatro anos o consumo de álcool e tabaco entre jovens até aos 16 anos tem vindo a diminuir na Europa, com Portugal a situar-se abaixo da média europeia, mas ainda assim com consumos elevados de bebidas alcoólicas.

As conclusões constam do “European School Survey Project on Alcohol and other Drugs (ESPAD)” entre 2011 e 2015, feito junto de alunos que completaram 16 anos no ano da recolha de dados.

Relativamente a “grandes tendências”, nesse período os resultados a nível europeu apontam para descidas no consumo de álcool e de tabaco e para uma estabilização no consumo de drogas, na maioria dos países.

“Os resultados de Portugal estão para a maioria dos indicadores abaixo ou dentro da média europeia, com exceção das ‘novas substancias psicoativas’, com níveis de consumo muito baixos, e dos tranquilizantes/sedativos com receita médica, com níveis muito elevados".

No que respeita ao álcool, a percentagem de alunos europeus que já experimentaram estas bebidas ronda os 81%, os que beberam no último ano situam-se nos 71% e os que declaram um consumo corrente (últimos 30 dias) andam pelos 47%.

Estes valores traduzem maioritariamente uma diminuição, sendo que em Portugal os valores são mais baixos: 71% tinham experimentado bebidas alcoólicas, 66% tinham-nas consumido no último ano e 42% beberam no último mês.

Quanto a bebedeiras apanhadas por alunos portugueses, os números baixam consideravelmente para 22% nos últimos 12 meses (28% na Europa) e para 9% nos últimos 30 dias (13% na média europeia).

Na maioria dos países diminuiu a percentagem de alunos que tiveram consumos intensivos esporádicos nos últimos 30 dias (binge drinking), traduzindo uma média de 35%, embora seja alta em alguns países e bem mais baixa em Portugal (20%).

A perceção da facilidade de acesso ao álcool está a diminuir, mas mesmo assim continua alta: 78% na Europa e 79% em Portugal.

Em 2015, a Dinamarca e a Áustria encabeçavam os países com maiores prevalências de embriaguez e binge drinking. Portugal estava entre os países com menos consumos intensivos.

Relativamente às drogas, a percentagem de alunos que até aos 16 anos já tinham experimentado está a estabilizar: 16% em Portugal (18% média europeia), sendo a cannabis a mais experimentada (17% na Europa e 15% em Portugal), a mais consumida no último ano (13% na Europa e em Portugal) e no último mês (7% na Europa e em Portugal).

As “outras drogas” (sem cannabis, nem novas substancias psicoativas) têm níveis de consumo mais baixos (5% de média europeia e 4% em Portugal), mas as novas substancias psicoativas em alguns países são mais consumidas do que “outras drogas”, sendo a média europeia de experimentação de 4% e em Portugal apenas 1%.

A perceção da facilidade de acesso às drogas estável, com uma média de perceção de acesso fácil ou muito fácil a rondar os 32%.

Em 2015, o país com maiores percentagens de experimentação e com maiores percentagens de consumos correntes de cannabis foi a França.

Globalmente, os rapazes consomem mais cannabis e bebem mais álcool do que as raparigas.

No que respeita ao tabaco, o seu consumo está a diminuir globalmente, com 47% dos jovens europeus a assumirem terem experimentado, bastante mais do que a média portuguesa (37%).

Os que declararam consumos correntes (22% na Europa e 19% em Portugal) diminuíram, assim como os que declararam consumos diários (13%, contra 9% portugueses).

A perceção da facilidade de acesso ao tabaco está a diminuir, mas continua alta (a rondar os 60%), e a percentagem dos que começaram a fumar antes dos 13 anos também está em queda (cerca de 24%).

Globalmente já há mais raparigas do que rapazes a consumir tabaco.

Relativamente a outros comportamentos aditivos, os jogos na internet são praticados por cerca de 23% dos alunos, quatro ou mais dias por semana, sendo que em Portugal essa percentagem situa-se nos 20%

Trata-se de uma atividade maioritariamente masculina, praticada em Portugal por 39% de rapazes e 5% de raparigas.

Já o jogo a dinheiro, foi declarado nos últimos 12 meses por 6% dos jovens portugueses, menos de metade do registado na Europa (14%), sendo igualmente uma atividade mais masculina (14% de rapazes e 4% de raparigas em Portugal).

Jovens portugueses até 16 anos consumem muitos sedativos

De acordo com o ESPAD, Portugal é um dos países da Europa onde os jovens com idades até aos 16 anos mais consomem medicamentos sedativos ou tranquilizantes com receita médica.

O inquérito revela que a percentagem de consumidores de medicamentos sem receita médica está estabilizada nos 6% na Europa, sendo mais baixa em Portugal (5%).

A situação inverte-se quando se trata de medicamentos com receita médica, pois embora este consumo esteja também estabilizado, Portugal apresenta níveis mais elevados do que o resto da Europa, respetivamente 13% e 8%.

De acordo com o estudo, em 2015, os países com maiores percentagens de consumos de medicamentos com receita médica foram a Letónia (16%) e Portugal (13%).

Quanto ao consumo do mesmo tipo de medicamentos sem receita médica, destacaram-se a Polónia (17%) e a República Checa (16%).

Globalmente há mais raparigas do que rapazes a consumir medicamentos.

Também o “Estudo sobre os Consumos de Álcool, Tabaco, Drogas e outros Comportamentos Aditivos e Dependências-2015”, do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e Dependências (SICAD), apresentado em março, já tinha dado conta desta tendência “preocupante” em Portugal.

Na altura foi revelado que uma em cada cinco raparigas com idades entre os 13 e os 18 anos tomava tranquilizantes ou sedativos, a maioria com prescrição médica.

Fernanda Feijão, autora daquele estudo, considerou na altura que era importante perceber “como é que há uma percentagem tão elevada de raparigas a precisar de medicamentos”.

A responsável indicou que este é um indicador em que “costumamos estar acima da média europeia”.

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