Mais de 44 mil alentejanos à espera de cubanos - TVI

Mais de 44 mil alentejanos à espera de cubanos

Saúde (Foto Cláudia Lima da Costa)

Habitantes do litoral alentejano estão sem médico de família

Mais de 44.000 habitantes do litoral alentejano estão sem médico de família, não se sabendo quando começam a dar consultas os clínicos cubanos contratados para a região, denunciou hoje o responsável pelo agrupamento de centros de saúde.

Paulo Espiga, diretor do Agrupamento de Centros de Saúde do Alentejo Litoral (ACESAL), afirmou à Agência Lusa que a região ficou «no caos» quando, há cerca de duas semanas, os 12 médicos cubanos que ainda exerciam funções regressaram a Cuba.

Segundo o responsável, havia indicação, por parte do ministro da Saúde, Paulo Macedo, de que estes profissionais «só iriam embora quando houvesse outros para substituí-los».

Contudo, neste momento, mais de 44.000 utentes inscritos nos centros e extensões de saúde dos concelhos de Alcácer do Sal, Grândola, Odemira, Santiago do Cacém e Sines não têm médico de família, aguardando a colocação dos «novos 17 médicos cubanos prometidos», disse.

Em algumas localidades, como Torrão (Alcácer do Sal), Cercal do Alentejo e Ermidas-Sado (Santiago do Cacém), e Sabóia e São Teotónio (Odemira), as extensões de saúde perderam o único médico que aí se deslocava.

Estes profissionais faziam parte do primeiro grupo de clínicos cubanos que chegou a Portugal, no início de agosto de 2009, para prestação de serviços em centros de saúde do Alentejo, Algarve e Ribatejo, por um período de três anos.

Santiago do Cacém é o concelho mais afetado pela situação, com quase 17.000 pessoas, mais de metade da população, privadas de médico de família.

Para o presidente da câmara, Vítor Proença (CDU), o litoral alentejano vive a «situação mais grave desde o 25 de Abril».

Em declarações à Lusa, o autarca acusou o ministro e o secretário de Estado da tutela de «falta de competência, passividade e irresponsabilidade total perante a saúde e a vida dos cidadãos».

Recentemente, a Assembleia Municipal de Santiago do Cacém aprovou uma tomada de posição a exigir que «o Governo tome, imediatamente, as medidas necessárias para o reforço de profissionais de Saúde» no concelho.

Também a Assembleia Intermunicipal do Alentejo Litoral denunciou, num comunicado divulgado esta quinta-feira, a «situação dramática em que se encontra a Saúde» nos concelhos da região, considerando que o Serviço Nacional de Saúde «recuou para níveis nunca vistos desde a sua criação».

Contactada pela Lusa, a Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo esclareceu que, dos 17 médicos solicitados pelo ACESAL, seis já se encontram «nos locais e aptos para trabalhar», mas «aguardam autorização da Ordem dos Médicos».

A mesma fonte da ARS explicou ainda que os restantes 11 clínicos cubanos terão de prestar a prova de comunicação médica, vulgarmente conhecida como prova de português.

A Lusa contactou o Ministério da Saúde, para saber por que razão os médicos cubanos que estavam a exercer se foram embora antes de os substitutos começarem a trabalhar, mas não foram prestados esclarecimentos.
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