«Terrorista» de Mangualde confessa burla sobre empresário canadiano - TVI

«Terrorista» de Mangualde confessa burla sobre empresário canadiano

Julgamento de Allan Sharif (Nuno André Ferreira/Lusa)

Allan Guedes Sharif admitiu ter constituído associação criminosa com objetivo de enganar Timothy von Kaay

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O luso-americano Allan Guedes Sharif confessou, nesta terça-feira, no Tribunal de Mangualde, ter constituído uma associação criminosa com o objetivo de burlar um empresário canadiano, mas negou que o plano inicial incluísse o rapto deste.

Allan Sharif e mais oito arguidos estão a ser julgados pela coautoria dos crimes de associação criminosa, rapto, extorsão, branqueamento e falsificação de documentos. Um décimo arguido está acusado de crimes de detenção de arma proibida.

Em agosto de 2010, Allan Sharif e outro dos arguidos, José Guedes (seu tio), tinham sido condenados a penas de prisão de 17 e 12 anos, respetivamente, pelos crimes de burla qualificada, extorsão e branqueamento de capital que lesaram instituições financeiras de vários países.

Agora, Allan Sharif está acusado de, em 2006, ter concebido um plano para conseguir, «facilmente e a curto prazo, elevados proventos económicos», tendo para a sua concretização convidado os arguidos José Guedes, Vítor Ribeiro, Francisco Menano, Carlos Matos, Eduardo Matos, Paulo Martins, Flávio Silva e Paulo Almeida.

De acordo com a acusação, o plano passava por atrair o empresário Timothy von Kaay a Portugal, «mantê-lo em cativeiro e incomunicável» e obrigá-lo, «com recurso à força e à intimidação», a fazer o máximo possível de transferências bancárias, «de valor previsto não inferior a 10 milhões de euros».

Allan Sharif, que só decidiu falar após os depoimentos de outros arguidos e das testemunhas, admitiu na sessão de hoje, citado pela Lusa, que o objetivo era burlar o empresário, que veio a Portugal com a intenção de «fazer lavagem de dinheiro» através da compra de propriedades, mas não raptá-lo.

A ideia inicial era colocar o dinheiro em contas sediadas em paraísos fiscais (offshore), para que não fosse detetado, o que acabou por não se concretizar, contou.

Timothy Von Kaay chegou a Portugal a 15 de fevereiro de 2007 e terá estado em cativeiro dez dias, tendo neste período sido hospedado em várias unidades hoteleiras da Covilhã, Nelas, Viseu e Guarda.

Segundo Allan Sharif, foi o facto de Timothy Von Kaay ter dito que não conseguia fazer as transferências acordadas na noite de 16 para 17 que exaltou os ânimos.

O arguido contou que o canadiano se apercebeu de que se tratava de uma burla, tendo começado a ser ameaçado. Desde então, passou a ser sempre vigiado e acompanhado por algum dos elementos do grupo.

Allan Sharif admitiu terem sido feitos vários levantamentos de dinheiro com um cartão de uma conta «off shore» de Timothy Von Kaay e também transferências para várias contas bancárias.

A acusação refere que, só nos dias 19 e 20, o empresário foi obrigado a fazer uma série de transferências, num total de cerca de 180 mil euros.

O luso-americano contou que, como Timothy Von Kaay não conseguia fazer transferências superiores a 15 mil euros, a situação agudizou-se. Com receio do que pudesse acontecer, decidiu ajudá-lo a forjar documentos que levassem os colegas a pensar que já tinha feito as transferências, deixando-o assim regressar ao Canadá.

Allan Sharif isentou de culpa o seu tio, que disse não saber dos objetivos do grupo, e também os seguranças Paulo Martins e Flávio Silva, que apenas foram informados de que Timothy Von Kaay era «uma pessoa querida» que deviam acompanhar e proteger.

Aquela que deverá ser a última sessão do julgamento está marcada para o dia 19.
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