Menina de 12 anos morre após ter alta de urgência da CUF - TVI

Menina de 12 anos morre após ter alta de urgência da CUF

  • RL
  • 4 jan 2020, 14:02

Criança regressou a casa e no dia seguinte foi transportada de emergência para o Hospital Garcia de Orta, onde acabou por morrer

Uma menina de 12 anos morreu após ter alta da urgência da Clínica CUF Almada, onde já se tinha dirigido na mesma semana por causa das dores provocadas por um “jeito às costas”.

Após regressar a casa, a mãe da menina, que contou como tudo aconteceu no Facebook, acabaria por chamar o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), que transportou a menina para o Hospital Garcia de Orta, onde morreu umas horas mais tarde.

Segundo o jornal Público, a pedido do hospital, o Ministério Público decretou a realização da autópsia, cujos resultados a família ainda aguardava no início desta semana.

Já a clínica CUF anunciou, em comunicado, a abertura de um inquérito interno e retirou temporariamente das escalas a pediatra que atendeu a menina na última ida àquela unidade hospitalar.

"Foi com enorme pesar e consternação que a Clínica CUF Almada e a sua equipa tomou conhecimento do falecimento da menina Leonor Martinho, o qual lamentamos profundamente, manifestando a nossa total solidariedade para com a sua família. (...) Nesta fase e, por forma a concluir o inquérito entretanto iniciado, foi ainda decidido não incluir, temporariamente, a médica em questão na escala de serviços clínicos da Clínica CUF Almada, salvaguardando a competência e a experiência de mais de 27 anos que lhe é reconhecida", pode ler-se na nota enviada à TVI.

O caso aconteceu antes no Natal, mas foi a 30 de dezembro que a mãe da menina, Alexandra Martinho, relatou através da sua página de Facebook.

Segundo Alexandra Martinho, no sábado 21 de Dezembro, a menina voltou à CUF, onde tinha sido observada na quarta-feira anterior.

“A Leonor na terça-feira antes de as aulas terminarem deu um jeito às costas. Ela desdramatizou o caso porque diz que foi a pôr a mochila (que andava sempre extremamente carregada) ao ombro e que tinha sentido apenas uma pontada. Ainda foi à aula de dança e ao almoço queixou-se que lhe estava a doer mais. Não tendo aulas à tarde, ficou a descansar”.

Na quarta-feira, como Leonor continuava com dores e estava com febre, a mãe levou-a à CUF de Almada.

“Foi a pediatra da Leonor que estava de serviço. Observou-a, pediu análises à urina para despiste de infecção urinária e como estas estavam com valores normais, medicou-a para um problema muscular que deveria à partida desaparecer em três, no máximo cinco dias”.  

Na quinta e na sexta-feira, Leonor tomou a medicação e descansou, conseguindo-se levantar e sentar melhor, mas tudo viria a piorar na madrugada de sábado, com a menina a não ter sequer "posição para se deitar. A medicação já não lhe atenuava sequer as dores”, explica Alexandra Martinho.

Por isso, no sábado, a família dirigiu-se novamente às urgências da CUF em Almada. “Fomos atendidas por uma pediatra que nem a camisola lhe mandou tirar. Mandou aplicar-lhe por via intravenosa a medicação que ela tinha estado a tomar em casa. A Leonor adormeceu quando estava a receber o tratamento (estava exausta), mas quando acordou começou novamente a gritar com dores”.

Alexandra Martinho diz ainda que a médica que a atendeu nesse sábado lhe disse que a filha não podia estar com tantas dores porque o que tinha tomado era muito forte, tendo-a aconselhado a marcar uma consulta com um pedopsiquiatra. A menina, alegava à clínica, estava na adolescência e apenas quereria chamar a atenção. 

Leonor foi mandada para casa e, de sábado para domingo, não parava com dores. “Medi-lhe a temperatura, tinha 34,7º, estava a entrar em hipotermia, quando a fui vestir tinha o corpo com manchas roxas. Chamei o INEM. Quando chegou ao Garcia de Orta, a Leonor ia hipotensa e com taquicardia”, descreve a mãe, que refere que a equipa de médicos e de enfermeiros “nunca mais a largou”.

“Fizeram-lhe análises ao sangue, TAC ao tórax, raios x, tudo o que na CUF não fizeram. O sangue estava normal, não tinha pneumonia, mas a TAC ao tórax acusava o músculo cheio de sangue. Os médicos iam fazer-lhe uma TAC ao cérebro quando a minha menina entrou em paragem cardíaca. A primeira vez conseguiram reanimá-la, na segunda o coraçãozinho dela não resistiu”, relata Alexandra Martinho.

Os médicos, diz, suspeitavam de uma infecção ou que Leonor estava a perder sangue. Na segunda-feira passada, quando escreveu a mensagem no Facebook, a mãe da Leonor ainda aguardava o resultado da autópsia.

O Hospital Garcia de Orta confirmou ao Público que no passado dia 22 de Dezembro, “foi admitida uma criança de 12 anos na Urgência Pediátrica e posteriormente transferida para a Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos e que viria a falecer, poucas horas após admissão”. Adianta que foi solicitada autópsia médico-legal ao Ministério Público, para esclarecimento da causa de morte. A Procuradoria-Geral da República não respondeu em tempo útil se abriu um inquérito ao caso. 

Em comunicado, a CUF confirma ter tido conhecimento “do falecimento da menina” o qual lamenta “profundamente”, manifestando “total solidariedade para com a sua família”.

O grupo José de Mello Saúde diz que “deposita nos seus profissionais e nos seus processos a maior confiança, não obstante, enquanto instituição de saúde, tem também uma responsabilidade acrescida para com doentes e familiares e um compromisso com a qualidade e segurança dos cuidados prestados, tendo decidido, neste contexto, instaurar um inquérito interno, ao mesmo tempo que aguarda os resultados da autópsia, para esclarecer de forma profunda e rigorosa todos os acontecimentos”

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