Troca de medicamentos: pais desistem de queixa - TVI

Troca de medicamentos: pais desistem de queixa

Medicamentos (arquivo)

Caso passou-se em Almada e envolvia uma médica e uma técnica de audiologia

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Última actualização às 12:17

Os pais das duas crianças afectadas em Junho de 2010 por uma troca de medicamentos no Hospital Garcia de Orta (HGO), em Almada, desistiram hoje em Tribunal da queixa-crime contra a médica e contra a técnica de audiologia, noticia a Lusa.

As duas profissionais estavam acusadas pelo Ministério Público de ofensa à integridade física por negligência e de ofensa à integridade física grave.

Tendo confirmado a «livre e expressa vontade» dos pais dos menores de desistirem da queixa, e confirmando também a aceitação da desistência pelas duas arguidas, o juiz ordenou o arquivamento do processo sem custas crime.

«Ainda bem que chegaram a um acordo em relação ao pedido cível, significa uma pacificação deste processo. O Tribunal, neste tipo de processos tenta aproximar as partes. Neste caso não o fiz dada a natureza do mesmo mas o que importa é que tenham chegado a um entendimento», afirmou.

Quanto às arguidas, acrescentou, «ainda bem para [a carreira das duas]. O entendimento do tribunal seria necessariamente outro».

Aos jornalistas o advogado da família do menor mais velho, Pedro Roldão, afirmou que a desistência da queixa «teve que ver com outras causas que não apenas a indemnização», cujo valor não revelou.

«Teve que ver, por exemplo, com a expeptativa das pessoas em relação à capacidade da justiça para resolver os seus problemas, teve que ver com a morosidade do processo», acrescentou.

O advogado da médica, Jorge Pires Miguel, afirmou que o acordo foi iniciativa do HGO e das famílias das vítimas: «Conhecemos o acordo hoje, somos-lhe completamente alheios. A minha cliente limitou-se a aceitá-lo», disse.

A 17 de Junho de 2010 duas crianças de três anos e de ano e meio foram afectadas por uma troca de medicamentos quando estavam a ser preparadas para realizar um exame de diagnóstico no serviço de Otorrinolaringologia do HGO.

A troca fez com que, em vez de um sedativo, tivesse sido administrado aos menores ácido tricloroacético, normalmente usado para estancar pequenas hemorragias, e que provocou queimaduras nos intestinos das duas crianças e também na traqueia, no esófago e no estômago da criança mais velha.

A depor em tribunal, a médica e a técnica de audiologia assumiram que não leram o rótulo do medicamento que administraram aos dois menores, mas argumentaram que a rotina dos últimos nove anos a realizar aquele tipo de exame, a semelhança entre os frascos e a arrumação indevida do ácido num frigorífico em que não era suposto estar contribuíram para o acidente.
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