Greve: professor queria dar aulas mas não conseguiu - TVI

Greve: professor queria dar aulas mas não conseguiu

Greve dos professores

Évora: docente do secundário contra protestos «avulso». Mas alunos faltaram

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O professor Hélder Fernandes, 37 anos, foi esta segunda-feira um dos docentes da Escola Secundária André de Gouveia, em Évora, que não fez greve, por discordar de protestos «avulso», mas não pôde dar aulas porque os alunos faltaram, refere a Lusa.

«Eu estava à espera de dar uma aula a uma turma de um curso profissional, mas, qual não é o meu espanto, chego aqui e nem um aluno», relatou.

Para o professor de Informática, efectivo na André de Gouveia há cerca de oito anos, a explicação é simples, mas também se revelou errada.

«Na última greve, a 03 de Dezembro, não vim e os alunos pensaram que eu hoje iria aderir novamente à paralisação, mas enganaram-se», disse.

Desta feita, o docente decidiu não fazer greve por não concordar com o agendamento de paralisações «avulso», sem «acção concertada», o que inviabiliza que os protestos «causem os impactos que os professores gostariam».

Só com «as escolas fechadas dois ou três dias seguidos», segundo Hélder Fernandes, é que a sociedade civil poderia «sentir na pele o impacto da greve de professores».

Também a professora de Português Ana Martins, de 40 anos, compareceu hoje na escola André de Gouveia, pois, apesar de estar «solidária com os colegas em greve», tinha teste com uma turma dos Cursos de Educação Formação (CEF).

«Só tenho esta turma uma vez por semana e, se faltasse, o teste protelava-se. Temos uma calendarização a cumprir e responsabilidade para com os alunos», disse.

Na Escola Secundária André de Gouveia, com 633 alunos, compareceram quatro dos 34 professores previstos para o primeiro tempo lectivo, às 08:15, sendo que, no segundo tempo, estiveram sete dos 37 docentes.

A porta da escola, um grupo de alunas, que teve apenas uma aula durante a manhã, decidia o que fazer do resto do dia.

«É pouco bom, é! Agora vamos embora, passear, ir às lojas, divertirmo-nos», contaram.

Uma delas, Cátia Barreiros, de 17 anos, acrescentou que a professora de Inglês é que deu aula, tendo justificado a não adesão ao protesto «porque o dinheiro fazia falta no final do mês».

Em Beja, na Escola Secundária Diogo de Gouveia, a professora Natália Quinta Queimada, de 56 anos, foi um dos 25 docentes, de um total de 34 com aulas marcadas para hoje de manhã, que não aderiram à greve.

Segundo a docente, que lecciona a disciplina de Português há 37 anos, «tudo o que tem vindo a público» relativo às negociações entre o ministério da Educação e os sindicatos sobre o modelo de avaliação dos professores «não está muito claro».

«Ainda não consegui perceber de que lado está a razão», frisou Natália Quinta Queimada, referindo que, por isso, optou por não fazer greve e dar aulas, aplicando um teste, que «já estava marcado», a duas turmas do 11º ano.

Na paralisação de 03 de Dezembro, segundo dados do Ministério da Educação, o Alentejo registou uma das adesões mais baixas do país, com 62,6 por cento dos docentes em greve.

A Direcção Regional de Educação do Alentejo remeteu para a secretaria de Estado da Educação a divulgação de dados sobre a adesão à greve na região.
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