Dirigentes da Quercus dizem que presidente "faz como avestruz" e pedem a sua demissão - TVI

Dirigentes da Quercus dizem que presidente "faz como avestruz" e pedem a sua demissão

  • HCL
  • 16 dez 2019, 18:38
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Vários membros da direção da Quercus pedem a demissão do presidente, Paulo do Carmo, acusando-o de inviabilizar o trabalho da associação ambientalista por "falta de capacidade e competência" para o cargo

Numa carta enviada a Paulo do Carmo, os membros da direção referem estar desiludidos, argumentando que "não é normal, nem digno, que um presidente se alheie de tudo e que, ainda mais grave, não comunique com os seus pares da direção nacional ao ponto de ser incapaz de convocar uma reunião".

Uma das signatárias da carta, a responsável pela área de sustentabilidade, Aline Guerreiro, disse à agência Lusa que se Paulo do Carmo não se demitir, a maioria dos elementos da direção admite demitir-se em bloco e tentar convocar uma assembleia geral extraordinária.

O que seria menos prejudicial seria o presidente afastar-se e nós reorganizarmos a direção. Se não, a maioria acha que deve sair", afirmou Aline Guerreiro.

A dirigente da Quercus, associação que existe há 34 anos, referiu que Paulo do Carmo "nunca mais respondeu a 'emails' dos seus colegas de direção" desde que alguns se opuseram ao que alegam ter sido "um favor" do presidente da Quercus ao Partido Socialista do Barreiro.

Em causa está um alegado parecer positivo divulgado pelo PS daquela autarquia da Margem Sul, supostamente emitido por Paulo do Carmo - que desmente tê-lo feito - a uma mega-urbanização na Quinta do Brancaamp, no Barreiro, numa zona de Reserva Ecológica Nacional.

Apesar de ter negado a emissão de tal parecer, Paulo do Carmo opôs-se à divulgação de um comunicado da Quercus, aprovado pela direção por maioria, a desmentir a informação veiculada pelo PS do Barreiro, de acordo com os membros da direção que agora pedem a sua demissão.

Estes são os mesmos cinco membros a quem a Comissão Arbitral da já deu razão na questão da urbanização do Barreiro, considerando haver "fortes indícios de ter sido praticado um 'favor' por parte do presidente".

Não faz qualquer sentido, parece que o presidente faz como a avestruz, meteu a cabeça debaixo da areia para fingir que não se passa nada", disse Aline Guerreiro.

Entretanto, diz, há "recorrentemente ordenados por pagar", membros da associação que não participam em atividades porque alegam não ter dinheiro para se deslocar e até um protocolo com a Câmara de Braga que renderia cerca de 50 mil euros à Quercus, não fosse Paulo do Carmo ter-se "chateado com a Câmara de Braga, não se sabe porquê".

As verbas escasseiam" para manter a Quercus e o presidente "deixa passar prazos, não discute, não consegue discutir assuntos com a direção nacional", referiu Aline Guerreiro.

Em declarações em 26 de novembro à Lusa, Paulo do Carmo, presidente da direção nacional da Quercus desde março, acusou os "poderes instituídos" da associação de se "sentirem ameaçados" por uma auditoria solicitada "aos últimos quatro anos", quando a Quercus era liderada por João Branco, um dos autores da queixa e signatário da carta em que se pede a demissão.

A Lusa tentou hoje falar com Paulo do Carmo mas tal não foi possível até agora.

Na carta, subscrita por João Branco, Aline Guerreiro, Diogo Lisboa, Paula Nunes da Silva e Ricardo Nabais, os membros da direção da associação acusam Paulo do Carmo de "declarações públicas mentirosas e difamatórias" e de faltar ao que prometeu como mote da sua candidatura "unir a Quercus e promover a comunicação interna".

"Seria desejado não ter chegado a esta situação, mas não podemos estar a ver o barco afundar e nada fazer", lê-se na carta.

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