Encíclica do Papa é uma “provocação para a Humanidade” - TVI

Encíclica do Papa é uma “provocação para a Humanidade”

Bispo de Leiria-Fátima, António Marto

António Marto sublinha a "crítica" do Papa Francisco à economia que favorece "o lucro" em vez dos pobres

Relacionados
 O vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), António Marto, considerou esta sexta-feira que a encíclica do Papa Francisco dedicada à Ecologia é uma “provocação para a Humanidade” num momento em que se vive uma “emergência ecológica”.
 

“[A encíclica] é um poema, mas, ao mesmo tempo, depois, é um dom e uma provocação para a Humanidade porque estamos a viver uma emergência ecológica”.


Para o bispo de Leiria-Fátima, “a casa comum, que é este planeta Terra, está ferido, está inquinado”, assinalando “o inquinamento do solo, da água, a perda da biodiversidade” ou “a exploração desmedida e, até, o esgotamento de recursos naturais que, depois, tem os seus reflexos”.
 

“Não se pode ver só do ponto de vista ambiental, mas tem de ser uma ecologia integral”.


O vice-presidente da CEP destacou ainda que no documento, denominado “Laudato si [Louvado sejas, em latim]”, o papa refere-se ao ambiente como “um bem coletivo, um património mundial e uma responsabilidade de todos”, chamando à “conversão ecológica”, desde “as atitudes mais simples, das boas práticas, em casa, no consumo, a sobriedade, até às questões de ordem económica, uma economia amiga do ambiente”, como reporta a Lusa.

“É uma crítica muito grande ao modelo de desenvolvimento, sobretudo ao modelo tecnocrata que a economia adotou em função exclusiva do lucro e os reflexos, muitas vezes, os primeiros a senti-los são os pobres e os países mais pobres”.


Segundo o bispo, “isto requer responsabilidade da economia, das finanças” e responsabilidades políticas na “regulação destas questões”, observando que, como o papa Francisco afirma, muitas vezes “as cimeiras políticas não têm levado a grandes resultados em virtude dos interesses opostos que se confrontam”.

António Marto defendeu que a “grande questão” é que mundo se quer “deixar aos vindouros, sobretudo às crianças que estão agora a nascer”, uma “casa ordenada, bela como um jardim” ou uma “casa inquinada, desordenada e em devastação e destruição”.

O vice-presidente da CEP acrescentou que os governos devem “assumir a sua responsabilidade” quer ao nível de um projeto educativo, como de um ponto de vista legislativo “para a defesa deste património ambiental que é um património comum”.

"Laudato si. Sobre a proteção da casa comum" é o título da primeira encíclica de Francisco, apresentada no Vaticano na quinta-feira, já que a anterior - "Lumen Fidei" (A Luz da Fé) - foi em grande parte escrita pelo antecessor, o Papa emérito Bento XVI.

 
Continue a ler esta notícia

Relacionados