Gelo no Polo Sul vai de máximos a mínimos em poucos anos e surpreende cientistas - TVI

Gelo no Polo Sul vai de máximos a mínimos em poucos anos e surpreende cientistas

  • MM
  • 4 jul 2019, 12:00
Alterações climáticas são a maior ameaça do século XXI

Depois de atingir um máximo histórico em 2014, o gelo que flutua no Oceano Antártico atingiu agora mínimos nunca antes vistos

O gelo que rodeia a Antártida atingiu mínimos históricos. A investigação levada a cabo por Claire Pakinson, uma cientista da NASA, revelou que o gelo no Oceano Antártico está a diminuir mais rapidamente do que o gelo que flutua no Oceano Ártico.

Em apenas três anos, a Antártida perdeu tanto gelo quanto o Ártico” em 40 anos, disse Claire Parkinson, especialista em clima da Nasa, em declarações à AFP. 

Parkinson publicou no "Proceedings of the National Academy of Sciences" um estudo que analisa as mudanças na massa de gelo antártico, entre os anos de 1979 e de 2018.

A cientista analisou o comportamento da massa de gelo da Antártida entre 1979 e 2018, através dos dados de cinco satélites da NASA e do Pentágono, com a limitação de que os equipamentos não conseguem analisar a grossura da mesma, mas apenas a a extensão.

Tipicamente, a camada de gelo derrete no verão, derrete no verão (entre janeiro e março) e volta a congelar inverno (entre julho e setembro). Mas, em determinado período analisado por Claire Parkinson, a extensão da camada de gelo começou a crescer em todas as estações, o que intrigou os cientistas. Mas, em 2014, deu-se um ponto de viragem: de um máximo histórico, os icebergs começaram a diminuir de tamanho e, em 2017, atingiu um mínimo nunca antes visto.

Em três anos, a perda chega a dois milhões de quilómetros quadrados. A tendência de diminuição continua em 2019, acrescenta a climatologista.

Os cientistas não encontram uma explicação nem para o aumento da massa de gelo da Antártida durante tanto tempo, nem para o degelo tão rápido em tão poucos anos. Entre as hipóteses avançadas, estão o aumento do buraco da camada de ozono, as correntes, os ventos, as temperaturas das águas, mas nenhuma explica a mudança ocorrida em 2014. 

O oceanógrafo Douglas Martinson, da Universidade de Columbia, que participou do comité de revisão por pares que validou o artigo, alerta que não se pode comparar o Ártico com o Antártico. O Ártico é um oceano cercado de terra, enquanto a Antártida é um continente cercado por oceanos, onde os icebergs estão menos pressionados.

A Antártida é o lugar mais frio do planeta e tem a maior reserva de água doce. Em 2013, um estudo apontava que as montanhas de gelo da Antártida seriam capazes de elevar o nível dos oceanos em 57 metros.

O climatologista Chris Rapley, da Universidade de Londres, afirma que o aumento de gelo até 2014 não contradiziam o aquecimento global. “Apenas mostra que, num sistema complexo e interconectado, podem acontecer coisas contraintuitivas, pelo menos por um período de tempo”, escreveu o cientista, citado pelo The Straits Times.

Tendemos a buscar explicações simplistas de causa e efeito. Mas, na verdade, a situação é muito mais complexa”, conclui.

 

 

 

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