Madeira está “particularmente vulnerável” às alterações climáticas - TVI

Madeira está “particularmente vulnerável” às alterações climáticas

  • HCL
  • 6 jan 2020, 19:58
Madeira

Perigos associados à subida do nível médio do mar e maior incidência da ocorrência de eventos extremos preocupam a cientista da ONU Joana Portugal Pereira

A ilha da Madeira está "particularmente vulnerável" às alterações climáticas, devido à "maior incidência" de eventos extremos e aos "perigos" associados à subida do nível médio do mar, alertou esta segunda-feira a cientista da ONU Joana Portugal Pereira.

Esta subida do nível médio do mar promove também a erosão de toda a região costeira, eventualmente deslizamentos de terra, e maior ocorrência de períodos de grandes precipitações, que podem depois desenrolar-se em cheias", explicou Joana Portugal Pereira, numa conferência organizada pela presidência da Assembleia Legislativa da Madeira, no Funchal.

A cientista, coordenadora de um grupo de trabalho do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU), alertou ainda para o aumento das temperaturas, que se vai traduzir em verões cada vez mais extensos e secos, potenciando a ocorrência e o risco de incêndios florestais.

A ilha da Madeira, sendo uma pequena ilha, está particularmente vulnerável às alterações climáticas, não apenas por maior incidência da ocorrência de eventos extremos, mas também pelos perigos associados à subida do nível médio do mar", reforçou.

Para mitigar o impacto das alterações climáticas ao nível local e mundial, é necessário "atuar em todas as frentes", advertiu Joana Portugal Pereira, sublinhando, desde logo, a necessidade de desenvolver políticas de baixo carbono, que sejam "inclusivas" e promovam "várias dimensões de desenvolvimento sustentável".

Criar oportunidades económicas associadas a tecnologias de baixo carbono, expandir a capacidade instalada de energias renováveis, alterar os padrões de consumo, repensar os padrões de mobilidade e adotar meios de transporte menos dependentes de combustíveis fósseis são outros passos fundamentais para minimizar o impacto.

As alterações climáticas tornaram-se um tema muito atual e acredito que a maioria da população está ciente dos riscos associados e das formas de reduzir o nosso impacto sobre as emissões de gases de efeito estufa", disse.

Joana Portugal Pereira sublinhou, no entanto, que falta agora passar da consciência para a atuação e as ações práticas, o que implica "vencer as nossas inércias pessoais, institucionais e políticas", bem como "alterar os nossos padrões de consumo e comportamentais".

A cientista da ONU, cujo grupo de trabalho está sediado no Centre of Environmental Policy no Imperial College London, no Reino Unido, elogiou, por outro lado, o trabalho da jovem ativista sueca Greta Thunberg e de todos os adolescentes ativistas no campo das alterações climáticas.

Vejo com muito bons olhos a atuação destes adolescentes. Precisamos de atuar em diferentes frentes e esferas da sociedade e, de facto, as populações mais jovens vão ser aquelas que vão viver mais tempo com as consequências das alterações climáticas", disse.

Joana Portugal Pereira foi a primeira conferencista convidada da Assembleia Legislativa da Madeira, no âmbito de um ciclo designado "Parlamento com Causas", que pretende abordar os "grandes temas da atualidade", bem como "consciencializar, debater e apontar soluções" para as questões mais prementes da sociedade.

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