Projeto português apresentado na Cimeira do Clima - TVI

Projeto português apresentado na Cimeira do Clima

COP21 [REUTERS]

Sistema integrado de mobilidade urbana que permite quantificar as emissões poluentes em tempo real

O Centro de Engenharia e Inovação para as Industrias da Mobilidade (CEiiA), em Matosinhos, vai levar à Cimeira do Clima em Paris o Mobi.me, sistema integrado de mobilidade urbana que permite quantificar as emissões poluentes em tempo real.

Além do Mobi.me, que “na COP20 de Lima foi considerado uma referência de mobilidade sustentável”, o CEiiA leva à conferência "Caring for Climate" da COP21, no fim de semana, o projeto de criar uma rede social de bicicletas interativas, anunciou esta manhã aos jornalistas Gualter Crisóstomo, diretor de ‘corporate governance’ daquela entidade.

E enquanto na COP21 se procura alcançar um novo acordo global para a diminuição das emissões de dióxido de carbono (CO2), desde 2011 até agora existem cerca de 10.000 equipamentos de seis países, de mais de 20 entidades distintas, ligados ao sistema Mobi.me.

“É o primeiro sistema no mundo que consegue quantificar em tempo real e de forma fidedigna a nossa pegada ecológica na mobilidade”, explicou Gualter Crisóstomo, acrescentando que numa deslocação de A para B num carro elétrico, “no final da viagem é possível receber a informação de quanto se poupou em emissões de CO2”.

Esta “plataforma de tecnologia digital tem como destinatários cidades e operadoras de ‘rent a car’, por exemplo, mas também um cidadão comum, que, obtendo em tempo real informação, pode melhorar comportamentos quando realiza a sua mobilidade”, afirmou.

Os cerca de 10.000 equipamentos ligados ao sistema desde 2011, entre os quais 600 veículos elétricos no Brasil, consumiram ao longo destes anos 4.800 megawatts de eletricidade, o que corresponde a um consumo de eletricidade de 1.100 famílias (de quatro pessoas) por ano, disse Crisóstomo, adiantando ainda que "pouparam 131 mil toneladas de CO2”.

Em Portugal, referiu, os 1.300 pontos de carregamento para a mobilidade elétrica são já monitorizados com o Mobi.me, mas no Brasil também todos os veículos elétricos estão já equipados com tecnologia que comunica com o sistema.

A frota do Estado que integrará 1.200 veículos elétricos até 2020, medida aprovada em junho em Conselho de Ministros, será também monitorizada através deste sistema, sendo que “já se está a iniciar o processo de introduzir a tecnologia nos primeiros 30 carros” da administração pública para a monitorização em tempo real, referiu o responsável.

Gualter Crisóstomo disse ainda que, nesta fase, o sistema funciona também nos carros convencionais, “para que as próprias organizações possam fazer o comparativo e verificarem que terem uma mobilidade mais sustentável é mais favorável do ponto de vista ambiental mas também económico”, e exemplo disso é a frota da Câmara do Porto, já monitorizada no âmbito de um projeto-piloto.

Já na criação de uma rede social de bicicletas inteligentes, o objetivo do CEiiA é, "não só estarem permanentemente ligadas em tempo real ao sistema mobi.me, como elas próprias interagirem entre elas”, explicou Helena Silva, diretora do CEiiA.

“É quase o humanizar um objeto e cruzar uma rede com uma comunidade de utilizadores e com uma comunidade de objetos”, disse, “significa que toda a bicicleta ganha vida”.

Através desta bicicleta inteligente, o utilizador pode “sair de manhã e a bicicleta dizer-lhe para ir por um determinado percurso, porque nesse dia há muito trânsito ou uma greve”.

A bicicleta dispõe ainda de “uma sonda de informação de ambiente”, que vai recolhendo dados em tempo real de tudo o que tenha a ver com emissões de CO2 e outra partículas poluentes, o que “permite ao utilizador escolher, por exemplo, um percurso menos poluído”.

“O nosso objetivo é que cada utilizador tenha consciência da sua pegada ecológica, isto é mais uma forma de cada um começar a consciencializar-se sobre a forma como se move na cidade”, sustentou Helena Silva.

A COP21, que decorre até ao dia 11, reúne em Paris representantes de 195 países, que tentarão alcançar um acordo vinculativo sobre redução de emissões de gases com efeito de estufa que permita limitar, até 2100, o aquecimento da temperatura média global da atmosfera a dois graus centígrados acima dos valores registados antes da revolução industrial.

Até agora, mais de 170 países já apresentaram os seus contributos para a redução de emissões, mas ainda insuficientes para alcançar a meta proposta.

Entre os assuntos pendentes estão a aceitação de um mecanismo de revisão periódica das contribuições nacionais e a existência de um só sistema, sem divisões entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, mas com flexibilidade no tratamento, tema que, juntamente com a responsabilização dos países maiores emissores, serão aspetos mais difíceis de resolver.

 
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