Seis cidades portuguesas excedem limite da OMS para poluente do ar - TVI

Seis cidades portuguesas excedem limite da OMS para poluente do ar

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Metade das cidades analisadas pela Organização Mundial de Saúde excediam em 2014 o limite fixado por esta entidade para um dos dois poluentes do ar avaliados, o PM2.5, e só um município não cumpria para ambos

Metade das 12 cidades portuguesas analisadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) excediam em 2014 o limite fixado por esta entidade para um dos dois poluentes do ar avaliados e só um município não cumpria para ambos.

Em Portugal, Ílhavo, com 15 microgramas por metro cúbico, Albufeira (com 14), Coimbra (12), Faro, Lisboa e Vila do Conde (as três com 11), foram as cidades que ultrapassaram o limite de 10 microgramas por metro cúbico estipulado pela OMS para as partículas finas PM2.5, embora se encontrem no grupo dos níveis mais baixos, entre as quase 3.000 localidades analisadas pela organização.

Se a avaliação for feita com base nos limites fixados pela União Europeia, menos exigentes - de 25 microgramas por metro cúbico para o poluente PM2.5 - todas as cidades cumpriam.

O relatório internacional publicado nesta quinta-feira pela OMS revela que mais de 80% dos habitantes de áreas urbanas que monitorizam a poluição do ar estão expostos a níveis de poluentes que excedem os limites fixados por esta instituição, principalmente nas cidades de mais baixo rendimento.

A poluição do ar é causada por várias substâncias, como estas partículas que podem entrar no aparelho respiratório e constituem, segundo a OMS, um risco para a saúde ao aumentar a mortalidade nas infeções respiratórias e causar doenças, como cancro do pulmão, ou problemas cardiovasculares.

A base de dados da OMS reúne informação sobre cerca de 3.000 cidades de 103 países e permitiu a comparação com valores de 2008, concluindo que a poluição do ar nos centros urbanos aumentou 8%, apesar das melhorias registadas em algumas regiões.

Quanto às partículas inaláveis PM10, com base no limite de 20 microgramas por metro cúbico da OMS, somente Ílhavo excedia, com 21 microgramas, seguindo-se Albufeira, com 19.

No entanto, segundo as regras europeias para o PM10, que apontam para uma média anual de 40 microgramas por metro cúbico, todas as cidades portuguesas apontadas pela OMS cumprem.

Francisco Ferreira, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, especialista em qualidade do ar, alertou que estes valores foram obtidos em estações de medição chamadas "de fundo" e referem-se a áreas envolventes das cidades, mas os problemas de poluição mais graves registam-se em zonas de tráfego automóvel intenso ou de atividade industrial.

"Os níveis acima da legislação são sempre registados em estações de tráfego, como a avenida da Liberdade, em Lisboa", acrescentou Francisco Ferreira.

Por outro lado, a concentração destes poluentes depende muito das condições meteorológicas e, acrescentou, "em 2014, estas foram relativamente favoráveis, não havendo ultrapassagens [dos limites] dos poluentes".

O especialista realçou que, "em vários países, incluindo Portugal, o poluente que está a tornar-se mais problemático é o dióxido de azoto".

Os últimos dados disponíveis na Agência Portuguesa do Ambiente (APA) sobre qualidade do ar, de 2014, referem duas excedências do valor limite diário de PM10 e três no valor limite anual de dióxido de azoto, nas regiões do Porto Litoral, Entre Douro e Minho e Área Metropolitana Lisboa Norte.

Oito em cada dez respiram ar poluído

Mais de oito em cada dez habitantes de cidades que monitorizam a qualidade do ar estão expostos a níveis de poluição superiores aos limites definidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS), segundo o relatório divulgado.

O mais recente índice da qualidade do ar urbano, que atualiza dados de 2014, abrange cerca de 3.000 cidades em 103 países e conclui que 98% das cidades em países de médio e baixo rendimento com mais de cem mil habitantes não cumprem as recomendações da OMS.

Já nos países ricos, a percentagem de cidades em incumprimento desce para 56%.

"A poluição do ar é uma importante causa de doença e morte", disse a diretora-geral adjunta da OMS para a Saúde da Família, da Mulher e da Criança, Flavia Bustreo, aplaudindo o facto de o número de cidades que monitoriza a qualidade do seu ar ter quase duplicado desde 2014.

A OMS concluiu que os níveis de poluição aumentaram globalmente cerca de oito por cento, apesar de melhorias em algumas regiões, numa análise da evolução dos níveis de partículas finas e inaláveis ao longo de cinco anos (2008-2013) em 795 cidades de 67 países.

Em geral, os níveis de poluição do ar das cidades foram menores em países de alto rendimento, particularmente na Europa, Américas e na região do Pacífico ocidental.

Os maiores níveis de poluição do ar foram registados nos países de baixo e médio rendimento, em particular no Mediterrâneo oriental e no sudeste asiático, onde algumas médias anuais excedem em cinco a dez vezes os limites da OMS.

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