Medo impede testemunha ameaçada de morte de responder em tribunal - TVI

Medo impede testemunha ameaçada de morte de responder em tribunal

Tiroteio em assalto a ourivesaria (FERNANDO MARTINS / LUSA)

Mulher invocou a «falta de memória» para não responder. MP pediu retirada da protecção policial

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Uma testemunha chave no caso do assalto ao museu do ouro de Viana do Castelo evocou esta terça-feira constantes falhas de memória para não acusar os arguidos. A mulher terá sido alvo de ameças de morte e confessou em tribunal estar «cheia de medo». Dada a não colaboração, o Ministério Público pediu a retirada da protecção policial.



O depoimento foi feito por videoconferência, depois de a testemunha ter alegado que se sentia «intimidada e emocionalmente instável», denunciando extremo nervosismo, confessando medo e respondendo recorrentemente: «Não me recordo, senhor doutor» quando o juiz presidente do colectivo a interrogava sobre os factos.

Teve ainda ataques de choro compulsivo, obrigando o tribunal a suspender por duas vezes o seu depoimento. Trata-se da filha do proprietário de um stand de motos de Santo Tirso, onde no dia do assalto dois indivíduos foram pedir ajuda para um outro que transportavam no carro e que estava baleado na cabeça.

No stand, os indivíduos foram recebidos pela filha do proprietário, pelo que o testemunho desta é considerado fundamental para identificar os indivíduos que transportavam o ferido e apurar se se encontram entre os cinco arguidos no processo.

Na semana passada, na véspera do dia marcado para o proprietário do stand, os dois filhos e um funcionário começarem a depor em tribunal, o estabelecimento foi alvejado por dois indivíduos encapuzados, que dispararam tiros de caçadeira, numa presumível tentativa de

intimidação das testemunhas.

«Não consigo dormir», «estou muito nervosa», «estou aflita da cabeça», «estou com medo» e «estou cheia de comprimidos» foram algumas das justificações dadas pela testemunha para a sua falta de memória.

Mesmo assim, referiu que pelo menos uma das pessoas que foram pedir ajuda ao seu stand no dia do assalto estava entre os arguidos, sem, no entanto, conseguir especificar qual deles. O tribunal já decretou protecção policial para estas quatro testemunhas, que será assegurada com carácter de permanência, enquanto decorrer o julgamento.

Hoje, o Ministério Público (MP), face ao depoimento da filha do dono do stand, requereu a retirada da protecção policial e admitiu processá-la por falsidade de declarações.

Miguel Brochado Teixeira, um dos advogados dos arguidos, classificou o requerimento do MP como uma «clara tentativa de coação sobre a testemunha» e garantiu que se o tribunal lhe der deferimento pagará do seu próprio bolso os custos da protecção.
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