Greve contra o amianto: "A escola é para aprender e não adoecer" - TVI

Greve contra o amianto: "A escola é para aprender e não adoecer"

Até ao dia 18 deste mês prossegue uma greve nacional contra o amianto nas escolas. Em frente à EB 2,3 Ruy Belo, em Queluz, decorreu um protesto com alunos e professores

Até ao dia 18 deste mês prossegue uma greve nacional contra o amianto nas escolas. Em frente à EB 2,3 Ruy Belo, em Queluz, está a decorrer um protesto. Trata-se de um cordão humano com alunos, pais e professores em defesa da saúde de todos que frequentam esta escola com amianto.

Os manifestantes gritavam palavras de ordem como "amianto não" ou "a escola é para aprender e não para adoecer"

Lara Cunha, professora e organizadora do protesto, em declarações à TVI, explicou que a escola já tem mais de 30 anos e que todos os telhados são compostos por amianto, um produto cancerígeno. 

Nós estamos aqui hoje reunidos para chamar a atenção para um problema que acontece na nossa escola, não só na nossa como em outras, que é a questão do amianto. A nossa escola já tem por volta de 35 anos, que está cheia de telheiros com amianto, todos os telhados são compostos por este elemento e muitos deles têm árvores à volta que estão sempre a bater e a degradar". 

A docente explicou que a escola tem estado, por breves períodos, fechada durante toda a semana e apelou para que esta situação fosse resolvida. 

Nós já tentámos por várias vezes chamar a atenção, temos tido a escola fechada durante esta semana, pelo menos por alguns períodos, e queríamos mesmo que nos viessem ajudar".

O amianto é uma fibra natural mineral que foi muito usada em edifícios (como em tetos falsos, revestimentos ou isolamentos) e maquinarias entre os anos 50 e 90 do século passado.

A inalação de partículas de amianto está associada ao risco de contrair doenças como o cancro.

S.T.O.P: "Para esta escola, está prevista retirada de amianto em 2020"

Em declarações à agência Lusa, o dirigente do Sindicato de Todos Os Professores (S.TO.P.), André Pestana, adiantou que os professores, funcionários, alunos, pais e avós da escola juntaram-se às 08:00 junto ao estabelecimento de ensino, numa chamada de atenção para o amianto nas escolas e a necessidade da sua retirada em segurança.

Na origem do cordão humano, que está inserido numa greve nacional que o S.TO.P vai levar a cabo até dia 18, está a exigência de retirada do amianto das escolas portuguesas, que “deve realizar-se o mais rapidamente possível obedecendo a todas as normas de segurança”.

Para esta escola, está prevista retirada de amianto em 2020, mas nós queremos que as coisas se acelerem", disse.

André Pestana explicou que ainda não sabe onde será a próxima paralisação, mas adiantou que há muitas escolas interessadas em juntar-se a este protesto.

Este é o segundo protesto num estabelecimento de ensino, tendo-se realizado outro, que levou ao encerramento da Escola Dom Domingos Jardo, em Mira Sintra, no distrito de Lisboa.

O pré-aviso de greve até dia 18 abrange todos os funcionários e não apenas professores, uma vez que o S.TO.P., que começou por ser apenas um sindicato representativo da classe docente, promoveu alterações aos seus estatutos, que já entraram em vigor, para poder representar todos os trabalhadores das escolas.

De acordo com o S.TO.P., há cerca de 100 escolas onde o amianto continua a ser um problema para alunos, professores, funcionários e até pessoas que vivem nas proximidades. Muitos desses estabelecimentos foram alvo de intervenções para a retirada dessa substância, mas o trabalho de remoção foi mal feito, segundo o porta-voz do sindicato.

O S.TO.P. exige a retirada do amianto das escolas, lembrando que “põe em perigo diariamente milhares de crianças, encarregados de educação e profissionais de educação”.

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