Hi Fly quer usar A380 na Portela para transportar material médico, mas ANA não autoriza - TVI

Hi Fly quer usar A380 na Portela para transportar material médico, mas ANA não autoriza

  • CE
  • 6 abr 2020, 16:46
ANA Aeroportos

A ANA Aeroportos indicou que o aeroporto de Lisboa não está certificado para a operação do A380 da Hi Fly, esclarecendo que este pedido tem que ser feito à Autoridade Nacional da Aviação Civil

A Hi Fly pediu autorização à ANA para operar na Portela o Airbus A380, o maior avião comercial do mundo, que pode usar para transportar equipamento médico e de proteção, mas não tem autorização, disse à Lusa a companhia aérea.

Segundo explicou à agência Lusa o diretor de frotas da Hi Fly, Ricardo Bahia, o A380, que pertence a uma categoria de aviões especiais devido às suas dimensões, requer que o aeroporto esteja certificado para receber aquele tipo de aeronaves, mas, “quando não está, tal não significa que não o possa receber”.

Nesses casos, disse, é feito um pedido à gestora do aeroporto, que no de Lisboa é a ANA – Aeroportos de Portugal, para que seja autorizada a operação do avião naquela infraestrutura, garantindo as condições de segurança e, caso necessário, medidas de mitigação, como por exemplo supervisão humana na pista no momento da operação no chão.

O que é preciso fazer é analisar se a operação se justifica”, como, por exemplo, para fazer “dois ou três voos por semana ou operações humanitárias”, defendeu Ricardo Bahia.

 

As autoridades aeronáuticas dedicam-se a fazer um estudo e a emitir pareceres com, por vezes, algumas medidas de mitigação, por forma a que o avião possa operar em segurança, cumprindo com todos os requisitos”, acrescentou o responsável.

Um estudo da fabricante de aviões Airbus, a que a Lusa teve acesso, dá o A380 como compatível no aeroporto de Lisboa.

Temos documentação factual representativa, em que, para além dos aspetos de mitigação, temos também esse parecer e estudo que aponta que o avião apenas terá que ser supervisionado em determinados ‘stands’ de estacionamento e, mais importante, a segurança absolutamente nunca é posta em causa”, sublinhou Ricardo Bahia.

No entanto, de acordo com a companhia aérea que se dedica ao fornecimento de aviões com tripulação, manutenção e seguros (‘wet lease’), a ANA avaliou o seu pedido “durante bastante tempo”, mas acabou por alegar que, para autorizar a operação do A380 na Portela, teria de fazer “obras avultadas”.

Nós, a Airbus e todas as entidades aeroportuárias e autoridades para quem já operámos este avião, até aeroportos mais pequenos, não somos dessa opinião”, reiterou o gestor de frotas da Hi Fly.

Ricardo Bahia ressalvou compreender que a aeronave em questão pode criar o que chamou de “rugosidade operacional” em Lisboa, tendo em conta o tráfego habitual do Aeroporto Humberto Delgado.

O problema é que Lisboa tem muito tráfego e o tráfego típico de Lisboa não é o A380. […] Operacionalmente, de facto, o avião, para os ‘standards’ de Lisboa, com uma operação normal do dia-a-dia, cria algumas rugosidades”, admitiu.

No entanto, na sua opinião, “agora era a altura de se colocar essa questão de parte”, uma vez que a aviação comercial está praticamente parada, e emitir uma autorização para o modelo A380, que pode ser temporária, ou de caráter regular.

Este avião pesa tanto como um comboio. Nós conseguimos transportar o que for preciso, o quão longe for preciso. Numa altura destas, parece-me que é o avião que todos procuramos”, considerou.

A Hi Fly passou a incluir na sua frota o modelo A380 da fabricante Airbus em 2018.

Atualmente, o único aeroporto nacional com autorização para receber o A380 é o de Beja.

ANAC é responsável por autorizar operação do A380 na Portela

A ANA – Aeroportos de Portugal indicou que o aeroporto de Lisboa não está certificado para a operação do A380 da Hi Fly, esclarecendo que este pedido tem que ser feito à Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC).

O Aeroporto de Lisboa não está certificado para a operação do A380 […]. Para operações excecionais, o pedido de autorização tem que ser apresentado pela companhia aérea à ANAC”, notou a gestora aeroportuária, em resposta à Lusa.

A ANA referiu que, para operações regulares, “é necessária a realização de obras importantes nos ‘taxiways’ (largura e raios de curvatura), assim como a criação de bermas estabilizadas na pista”.

De acordo com a gestora aeroportuária, embora as operações com este tipo de aeronaves sejam cada vez menos frequentes, as obras em causa estão previstas no plano de investimento do aeroporto de Lisboa.

A ANA está naturalmente disponível para trabalhar com a Hi Fly, uma vez obtida pela companhia a luz verde da aviação civil”, concluiu.

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