MP mantém tese: inspetora da PJ é culpada de matar avó do marido - TVI

MP mantém tese: inspetora da PJ é culpada de matar avó do marido

  • AR
  • 22 mai 2017, 14:02
Pedidos 25 anos de prisão para 
inspetora acusada de crime

No início da repetição do julgamento, no Tribunal de Coimbra, procurador mantém que Ana Saltão deve ser condenada "com base em prova indiciária", enquanto defesa lamenta que acusação mantenha mesma postura e reafirma inocência

O Ministério Público reiterou esta segunda-feira, em Coimbra, que a inspetora da PJ Ana Saltão é "culpada" de matar a avó do marido, enquanto a defesa lamentou que a acusação mantenha a mesma postura e reafirmou a inocência.

Apesar de a procuradora-geral adjunta do Ministério Público (MP) Graça Marques ter sustentado, num parecer para o Supremo Tribunal de Justiça (STJ), em 2016, que se tornava "inviável" a condenação de Ana Saltão, o procurador Jorge Leitão voltou esta segunda-feira a reiterar que a arguida é culpada.

No início da repetição do julgamento, no Tribunal de Coimbra, o procurador do MP repetiu a mesma tese presente na acusação, considerando que a inspetora deve ser condenada "com base em prova indiciária".

É preciso somar dois mais dois e concluir se é plausível ou não", sublinhou Jorge Leitão, considerando que a conjugação de todos os elementos prova que Ana Saltão terá cometido os crimes.

Para tal, o procurador apontou para vários elementos: a arguida estaria em condições para fazer a viagem da Maia até Coimbra, que o casal não vivia numa situação económica desafogada, que o crime foi cometido como um ato de vingança e que foram detetados resíduos de disparos de arma de fogo no blusão da arguida.

"É a arguida que está a ser julgada, não é a PJ", realçou ainda o procurador, que falava durante a disposição inicial, no arranque do julgamento, fazendo alusão às críticas feitas pela defesa contra a investigação realizada.

Foi exatamente nesse ponto que a advogada de defesa Mónica Quintela centrou o seu discurso inicial, sublinhando que a investigação foi feita a "cheirómetro" e que este é um "processo ‘neo blank'" (duas expressões já utilizadas no primeiro julgamento).

"Tudo era branqueado", notou a advogada, frisando que nenhuma prova que foi trazida para os autos implicava a sua cliente como a autora do homicídio.

Mónica Quintela recordou a decisão do Supremo Tribunal de Justiça de anular a condenação da Relação de Coimbra.

Vi que nada mudou", sublinhou, considerando que estava à espera que o Ministério Público deixasse "cair parte da acusação", sendo que tal não aconteceu.

Depois da defesa, acusação e também o advogado do assistente (filho da vítima) terem apresentado as suas disposições iniciais, Ana Saltão começou a responder às perguntas do juiz que preside ao coletivo, Miguel Veiga, tendo reafirmado a sua inocência.

O depoimento da inspetora da PJ continua à tarde, quando deverá responder a questões por parte do Ministério Público e da defesa.

A inspetora é acusada pelo MP de ter sido a autora dos mais de dez disparos que mataram Filomena Alves, de 80 anos, na sua residência em Coimbra, na tarde de 21 de novembro de 2012.

Ana Saltão foi inicialmente absolvida em 2014, por um tribunal de júri, e, já em 2015, o Tribunal da Relação deu como certo que a inspetora tinha matado a avó do seu marido, condenando-a a 17 anos de prisão.

Passado cerca de um ano e após recurso da defesa, o Supremo Tribunal de Justiça rejeitou a decisão da segunda instância.

O processo regressou à Relação de Coimbra, que determinou a repetição do julgamento na primeira instância, novamente com recurso a tribunal de júri.

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