Mamarrosa: juíza garante que não agrediu o ex-companheiro - TVI

Mamarrosa: juíza garante que não agrediu o ex-companheiro

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«Eu não agredi ninguém, separei-os», declarou

A juíza Ana Joaquina, que testemunhou esta quarta-feira em Anadia no julgamento do homicídio do advogado Cláudio Mendes, afirmou ao tribunal que não agrediu a vítima antes do crime.

A afirmação foi feita após uma pergunta do advogado de defesa de seu pai, António Ferreira da Silva, acusado do homicídio qualificado do ex-companheiro de Ana Joaquina, que aludiu aos fotogramas das imagens da cena do crime em que, aparentemente, se vê a juíza a bater em Cláudio Mendes.

«Eu não agredi ninguém, separei-os», declarou, reportando-se aos momentos que antecedem o crime, a 5 de fevreiro de 2011, no parque da Mamarrosa, quando o advogado tentava estar com a filha, conforme determinara o Tribunal de Família e Menores.

Ana Joaquina contrariou também que o pai, após ter abatido Cláudio, tenha feito qualquer expressão de satisfação: «A expressão facial do meu pai, depois de ter feito os disparos, nunca lha tinha visto, de tal modo ele estava tão transtornado».

A juíza deu a sua versão dos vários incidentes que antecederam o desfecho trágico do conflito familiar, garantindo que o pai «teve várias vezes uma atitude de pacificação e chegou a arranjar [a Cláudio] escritório em Aveiro».

Foi ela que foi relatando ao arguido os «insultos e agressões» por parte do antigo companheiro, que, durante 2010 e 2011, passou a «insultar constantemente» o seu pai.

«O Cláudio falou em casar depois de eu estar grávida, mas por isso mesmo recusei e ele achou que a culpa era do meu pai. Entendia que ele era o culpado de tudo e chegou a dizer-me ter pensado em matá-lo», relatou.

Já quanto ao pai, contou que «foi acumulando uma data de situações, sempre pacificamente», tendo-o visto «muito agastado e a fazer um esforço sobre-humano para não reagir» e mais abatido ficou, até com dificuldade em dormir, depois dos incidentes registados na casa de um irmão da vítima, na Feira.

«Havia a convicção de que andava armado e o meu pai tinha medo da imprevisibilidade do comportamento dele», disse.

Questionada pelo procurador e pelo advogado dos assistentes, Ana Joaquina reconheceu que «sempre conheceu como pessoa pacífica» o Cláudio, até achar que ele andava perturbado, e disse não colocar em causa que ele era amigo da filha, mas comentou que «os agressores na violência doméstica são normalmente pessoas pacatas».

Confrontada com o facto de os pais de Cláudio nunca mais terem visto a neta após a sua morte, Ana Joaquina disse que há um processo próprio a correr termos, e que nunca a mãe dele fez qualquer tentativa extra-judicial para ver a criança.

Sobre uma abortada tentativa de apreciar a interação com os avós, por parte da psicóloga que acompanha a filha, Ana Joaquina garantiu que foi a menina que reagiu mal e não quis entrar no consultório.
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