Magnata que quis comprar Novo Banco condenado a 18 anos de prisão - TVI

Magnata que quis comprar Novo Banco condenado a 18 anos de prisão

  • LCM
  • 10 mai 2018, 07:28
Novo Banco - Banca - Bancários (arquivo)

O Tribunal Popular Intermédio Nr.1 de Xangai considerou Wu Xiaohui culpado de ter enganado investidores e abusado do seu cargo em benefício próprio

Um tribunal chinês condenou hoje o fundador do grupo Anbang, que foi apontado como candidato à compra do Novo Banco, a dezoito anos de prisão, por ter angariado milhares de milhões de dólares de forma fraudulenta.

O Tribunal Popular Intermédio Nr.1 de Xangai considerou Wu Xiaohui, que fundou a Anbang em 2004, culpado de ter enganado investidores e abusado do seu cargo em benefício próprio, segundo a agência noticiosa oficial chinesa Xinhua.

O magnata foi detido em 2017 e, em fevereiro passado, o regulador chinês assumiu as operações do Anbang Insurance Group, depois de uma vaga de aquisições por todo o mundo ter suscitado dúvidas sobre a origem do dinheiro e a sustentabilidade do grupo.

Em março passado, o empresário surgiu na televisão estatal chinesa a declarar-se culpado, apesar de ter inicialmente negado as acusações, segundo documentos do tribunal.

O magnata possuía e controlava mais de 200 empresas que detinham participações na Anbang, de forma a assegurar um "controlo absoluto" sobre o grupo.

Em 2011, por decisão de Wu, a seguradora lançou um novo produto para investidores e falsificou documentos para obter a aprovação da Comissão Reguladora de Seguros da China.

O regulador impôs limites às vendas daquele produto, com base no estado financeiro da Anbang, mas Wu emitiu relatórios de contas falsos para convencer os investidores da sustentabilidade do grupo.

Até janeiro passado, aquele produto captou 724 mil milhões de yuan (mais de 93 mil milhões de euros) a partir de 10,6 milhões de investidores, superando os limites de capital estipulados pelos reguladores.

Segundo o tribunal, Wu usou 65.200 milhões de yuan (mais de oito mil milhões de euros) para investir em projetos, saldar dívidas e "levar um estilo de vida luxuoso".

A mesma nota detalhou ainda que Wu ordenou altos executivos da empresa a destruírem informação para encobrir os seus crimes.

Em agosto de 2015, o grupo Anbang não conseguiu chegar a acordo com o Banco de Portugal para a compra do Novo Banco, numa corrida em que participaram também os chineses do Fosun e o fundo de investimento norte-americano Apollo.

Wu, cuja empresa se tornou mundialmente famosa, em 2014, ao comprar o icónico hotel de Nova Iorque Waldorf Astoria, por 1,9 mil milhões de dólares, é um dos multimilionários mais conhecidos da China. A mulher é neta de Deng Xiaoping, o "arquiteto-chefe das reformas económicas" que abriram o país asiático à economia de mercado.

A indústria dos seguros na China foi nos últimos dois anos abalada por vários casos de fraude. Em setembro passado, o anterior diretor da Comissão Reguladora de Seguros da China foi julgado por receber subornos, enquanto executivos do setor foram punidos por corrupção e má gestão.

Criada em 2004, com sede em Pequim, a Anbang tem mais de 30 mil trabalhadores e ativos no valor de 227 mil milhões de euros, segundo o 'site' oficial.

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