"Peço aos administradores do Hospital de São João que me respondam" - TVI

"Peço aos administradores do Hospital de São João que me respondam"

  • BC
  • 7 fev 2020, 22:00

Ângela Ferreira, que quer engravidar usando o esperma do marido que morreu de cancro, queixa-se de não ter resposta da unidade hospitalar sobre o destino dado ao material biológico de Hugo, que sucumbiu à doença em março do ano passado

Ângela Ferreira, que luta pelo direito de engravidar com uma amostra de esperma do marido que morreu de cancro, pediu esta sexta-feira no Jornal das 8 uma resposta ao Hospital de São João, que quase um ano depois da morte de Hugo continua sem informar a família do jovem se o sémen congelado foi destruído. A história de Ângela Ferreira e Hugo Neves foi contada em quatro episódios na minissérie documental "Amor Sem Fim", emitida no Programa Alexandra Borges.

A expectativa de Ângela é a de tentar levantar o material biológico do marido e fazer inseminação artificial em Espanha, sendo que o procedimento é apenas autorizado no país vizinho caso se realize até um ano após a morte do dador. Em Portugal, a inseminação artificial post mortem é proibida, motivo pelo qual também já foi lançada uma petição - que em poucos dias recolheu mais de 80 mil assinaturas - para que a lei em vigor seja alterada. 

Peço aos administradores do Hospital de São João que me respondam a mim, como esposa do Hugo, se existe ou não material biológico", disse Ângela, revelando que esta semana já enviou ao hospital várias cartas registadas com aviso de receção. "Dizem que para levantar o material biológico tem de ser o próprio, não percebo qual a diferença entre ir o próprio ou alguém com um documento assinado por ele", sublinhou. Ângela tem um documento assinado pelo marido em que este expressava a vontade de que a mulher pudesse usar a amostra de sémen por ele congelada em 2017, antes de iniciar tratamentos de quimioterapia que o deixaram infértil. Hugo morreu em março de 2018. 

Em entrevista no Jornal das 8, Ângela revelou ainda que vai avançar com uma Iniciativa Legislativa de Cidadãos, para propor à Assembleia da República uma nova lei que termine com a proibição da inseminação artificial post mortem, que é legal noutros países, nomeadamente em Espanha.

Se tivermos 20 mil assinaturas podemos propor uma lei", explicou. 

Questionada sobre se está preparada para um desfecho diferente daquele que gostaria, ou seja, se não conseguir usar o semén do marido para engravidar, Ângela garante que vai lutar "até à última", já que "o não está sempre garantido". 

 

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