Há cães que destroem casamentos - TVI

Há cães que destroem casamentos

Desfile de cães na Polónia

Problemas comportamentais são uma das principais causas da eutanásia destes animais em Portugal

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Casais obrigados a dormir separados, vizinhos à beira da loucura, bens destruídos e queixas na polícia são algumas das consequências dos problemas comportamentais dos cães que são uma das principais causas da eutanásia destes animais em Portugal.

O mais famoso cão com problemas de comportamento chamava-se Marley e é protagonista de um «best-seller» que passou para o cinema num filme que vai estrear brevemente em Portugal e foi campeão de bilheteira nos Estados Unidos.

«Marley e Eu» é o nome do livro e do filme e conta a história de uma família que tinha um cão muito especial: «Arrombava portas, arranhava paredes, babava em cima das visitas, comia roupa do estendal alheio e abocanhava tudo o que pudesse», lê-se na apresentação da obra cinematográfica.

Este cão «neurótico» apaixonou o mundo e os milhões de leitores que conheceram a sua história e aproveitaram a ocasião para partilhar as suas idênticas angústias de donos de cães com problemas comportamentais.

O que é um cão bem comportado?

«O comportamento dos animais é um assunto muito sério, sendo uma das principais causas de eutanásia», disse à Lusa Gonçalo da Graça Pereira, médico veterinário e mestre em Etologia Clínica e Bem-Estar Animal.

Ao seu consultório chegam cada vez mais animais referenciados com este tipo de problemas. São os chamados «cães mal comportados», uma definição «problemática».

«A definição de cão bem comportado muda muito de sociedade para sociedade e, enquanto que uma família considera bem comportado um cão completamente submisso, para outra poderá ser um cão activo mas que responde a ordens básicas», explicou.

Gonçalo da Graça Pereira recorda um estudo europeu que elegeu as características do cão preferidas dos donos: sociável, adaptável, fácil de ensinar, simpático para os donos, equilibrado nos seus comportamentos, que tenha feito uma socialização primária com a progenitora (até pelo menos aos dois meses).

A culpa dos conflitos - entre humanos e os seus cães - passa, na maioria dos casos, «pela comunicação, sobretudo pela comunicação corporal». «Os cães percebem os nossos menores gestos mas interpretam-nos de acordo com o seu código e linguagem, que é distinta da nossa», afirmou o médico veterinário, exemplificando com o exemplo do abraço: «Enquanto que para os humanos abraçar um cão é uma demonstração de afecto, para o cão este gesto pode ser até uma agressão».

Soluções

A solução passa pelo estabelecimento de «uma ponte de diálogo». Depois disso, avançou, «e com a ajuda do veterinário assistente e de um treinador, vamos aprender a dialogar com ele e a regrar o comportamento».

As principais manifestações comportamentais que levam o dono a procurar um veterinário assistente e este a referenciar o canídeo para a consulta de comportamento são a ansiedade por separação (cães que quando ficam sozinhos em casa destroem, uivam e eliminam inadequadamente), medos e fobias, comportamentos obsessivo-compulsivos, agressividade dirigida a humanos ou a outros animais.

O veterinário conta que já teve casos de donos que chegaram a ter de dormir separados por causa dos seus animais.

Muitos casos de ansiedade por separação começam com queixas de vizinhos que não conseguem estar na sua própria casa com o barulho que o cão faz e terminam com o envolvimento da polícia.

«Na maioria dos casos, o desfecho para o animal é que poderá ser o mais triste (eutanásia)». Por esta razão, Gonçalo Graça Pereira adverte: «Não se devem adiar tratamentos e tentar minimizá-los».
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