No meu caso não podia ser mais factual. A última vez que puxei o lustro ao dedo grande do índio foi há 10 anos. Todos o fazem, na esperança de que se cumpra a profecia.
O mais curioso é que tudo acontece no monumento a um português, o navegador Fernão Magalhães, na Praça com o mesmo nome. Foi Hernando, como está inscrito no monumento que, zangado com a coroa portuguesa e ao serviço dos espanhóis, descobriu a passagem do Atlântico para o Pacífico, em 1520. Ele tinha o sonho de descobrir o caminho para a Índia e acabou por descobrir a passagem que evita os terrivies mares do Cabo Horn. Um autêntico cemitério de navios. O Estreito de Magalhães tem 600 km de extensão navegável. Uma autoestrada entre os dois lados do planeta.
Estreito de Magalhães: saiba mais aqui
Os nossos aventureiros Miguel e João quiseram garantir que voltavam ao local de onde vão partir a caminho da Antártida.
Ir para o interior da Antártida implica especial cuidado com a roupa. A última das 4 camadas de roupas necessárias é alugada aqui, numa empresa de logística especializada em missão no continente gelado e que dá apoio inclusive às missões científicas. As botas, que pesam dois quilos, estão preparadas para 60 graus negativos. As calças para 40 e o casado para outros tantos. É roupa muita volumosa e pesada.
Os sacos vermelhos que vemos na foto são para transportar o equipamento.
Cresce a ansiedade. À medida que as horas passam, há mais informações sobre o destino. O operador de vídeo que trabalha com a organização, o brasileiro Francisco Mattos, que mora perto do Pólo Norte, mostrou o mapa da aventura.
No hotel é grande a agitação. Há gente de todo o mundo. cada um com a sua razão e o seu objectivo para esta prova-desafio-loucura-aventura.
A maior parte são ingleses e norte-americanos. há dois brasileiros, tailandeses, vários chineses e japoneses, irlandeses, cubanos, chilenos, polacos e um sul-africano que será o primeiro negro da África do Sul na Maratona do Gelo.
O ambiente é descontraído mas há um nervoso miudinho por causa da viagem de avião para os 80 graus Sul.
Foto com grupo de maratonistas em Punta Arenas
Daqui a pouco a organização vai a todos os quartos fazer a verificação de equipamentos. A Antártida não se compadece com faltas de roupa apropriada. Lá não há um centro comercial na esquina, lá só há frio e vento, muito.
Temos as camas cobertas com as chamadas “camadas inferiores de protecção”: duas collants de materiais especiais, duas camisas interiores com a mesma tecnologia, três pares de luvas e duas máscaras de inverno para a cabeça, vários pares de meias técnicas e óculos. Sem eles queimamos a retina em poucas horas.
No caso do João e do Miguel só têm de mostrar o equipamento com que vão correr porque há padrões de protecção que não podem ser ignorados.
Equipamento usado na maratona pela TVI24 e pelos maratonistas portugueses
Vai começar o briefing sobre o que nos espera no meio do gelo. Os corredores vão receber os números de corrida.. Todos os detalhes, amanhã. Fica prometido.