“Vamos ter semanas difíceis pela frente. Serão seguramente mais do que duas semanas” - TVI

“Vamos ter semanas difíceis pela frente. Serão seguramente mais do que duas semanas”

Lacerda Sales apelou, esta quinta-feira, aos portugueses para que cumpram estritamente as medidas de confinamento decretadas pelo Governo e, em entrevista à TVI, justificou a divergência de medidas em tão curto espaço de tempo com as diferenças de informações obtidas

O secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, admitiu, esta quinta-feira, no Jornal das 8 da TVI, que “vamos ter semanas difíceis pela frente” e que dificilmente seremos capazes de achatar as curvas da pandemia em duas semanas de confinamento.

Não me quero antecipar, nem tenho uma bola de cristal para poder dizer qual será o limite ou o horizonte. Acredito que vamos ter semanas difíceis pela frente. Serão seguramente mais do que duas semanas.”

Por isso, Lacerda Sales lançou um apelo veemente aos portugueses para que cumpram o confinamento que considera “muito importante”: “Precisamos de apelar a todos os portugueses. Precisamos de apelar para que fiquem em casa. Precisamos de apelar para que, quando tiverem sintomas e quando se sentirem mal, recorrerem aos serviços. Precisamos de apelar ao bom senso que os portugueses têm garantidamente e que, com certeza, será essencial no combate a esta pandemia.”

Confrontado com os dados da pandemia agora registados, que poderão ser consequência do aligeirar das medidas no Natal e Ano Novo, o secretário de Estado assegurou que o Governo atua “em função da informação rigorosa e consolidada que temos”. “Sabemos que muitos países, até com medidas mais restritivas que as nossas no Natal, como a Irlanda ou a República Checa, tiveram e estão a ter estes picos como nós. As medidas, por vezes, funcionam integradamente”, justificou.

"Precisamos de estar unidos"

Confrontado com as declarações de Rui Rio, que acusou o Executivo de “desgoverno” na gestão da questão do encerramento das escolas, Lacerda Sales sublinhou que “este é o momento de convocarmos todos”. “É o momento de convocarmos Governo, de convocarmos oposição, de convocarmos partidos políticos, órgãos de soberania. Todos precisamos de estar muito unidos num momento como este”, disse.

O Governo toma decisões com base em informação rigorosa e o mais consolidada possível. (…) A evidência científica de hoje é o erro retificado de amanhã. Todos sabemos disto. Sabem disto os cientistas, sabem disto os políticos e sabem que a verdade de hoje não é garantidamente a verdade de amanhã.”

 Por isso, as escolas só foram fechadas agora, porque só agora se teve “conhecimento do aumento do índice de transmissibilidade e do índice de carga viral na população mais jovem”, levando a que “no espaço de três dias tivéssemos tomado uma posição diferente”.

Os "limites" do sistema de saúde

Recuando a 3 de agosto, dia em que não houve qualquer óbito provocado pela pandemia, e comparando-o com o dia desta quinta-feira, em que Portugal registou 221 mortos, Lacerda Sales disse que foi por isso mesmo que entendeu “estar aqui a dar a cara, como governante, aos portugueses”.  

O que posso garantir aos portugueses é que iremos até ao limite máximo das nossas capacidades. Fá-lo-emos em termos de logística, em termos de equipamentos, pensando que cada óbito é sempre uma pessoa muito importante com família. Cada pessoa internada é sempre uma pessoa que deixa familiares em casa muito preocupados com o seu estado de saúde. Esta mensagem de humanismo deve trespassar-nos a todos.”

António Lacerda Sales agradeceu aos profissionais de saúde e prometeu que o Governo estará a seu lado incondicionalmente. Aos portugueses, garantiu “esforço”, “trabalho” e “determinação”, tendo em conta os recursos disponíveis.

A nossa capacidade expandir-se-á até ao limite. É evidente que o sistema é limitado, mas fá-lo-emos o mais que pudermos. Hoje, por exemplo, tínhamos uma lotação em termos de cuidados intensivos de cerca de 88% (sabendo que a nossa linha vermelha é os 85%) e ao nível da enfermaria tínhamos uma ocupação ao nível dos 91%. Isto para nós é preocupante.”

O governante concretizou que, atualmente o país tem “uma capacidade total de 19 1169 camas, 18050 em enfermaria e 1119 em unidade de cuidados intensivos”.

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