"A migração está sujeita à atuação de redes de traficantes de seres humanos" - TVI

"A migração está sujeita à atuação de redes de traficantes de seres humanos"

  • LCM com Lusa
  • 20 jul 2018, 22:24
António Vitorino

António Vitorino, defendeu hoje que a cooperação internacional “é a única resposta possível” para que as migrações sejam regulares, ordeiras e seguras

O diretor-geral eleito da Organização Internacional das Migrações, António Vitorino, defendeu hoje que a cooperação internacional “é a única resposta possível” para que as migrações sejam regulares, ordeiras e seguras e seja garantida a dignidade dos migrantes.

Eu não quero traçar cenários apocalípticos, mas todos temos consciência de que, quando a migração está sujeita à atuação de redes de traficantes de seres humanos, se verificam os mais graves abusos dos direitos humanos dos migrantes”, frisou.

António Vitorino falava aos jornalistas em Viseu, após a conferência “Migrações - uma visão para o futuro", que foi a sua primeira intervenção pública desde que foi eleito.

Na opinião de António Vitorino, “os fluxos migratórios são muito antigos, existem hoje e persistirão no futuro” e, para que seja garantido “o equilíbrio entre os países de origem, os países de trânsito e os países de acolhimento”, tem que haver cooperação internacional.

Na semana passada, no âmbito das Nações Unidas, foi concluído o Pacto Global sobre as Migrações, que tem um conjunto de objetivos, para garantir que as migrações sejam reguladas, seguras e ordeiras e só a cooperação entre os Estados é que pode garantir esse resultado”, realçou.

Segundo o responsável, “a migração irregular que é alimentada pelas redes criminosas é uma ilusão para os migrantes, que acabam por ser as primeiras e principais vítimas da violação dos seus direitos fundamentais”.

“A garantia de medidas regulares de migração tem que ir de par em par com a eficácia no combate aos traficantes de seres humanos. E para encontrar as formas mais eficazes de garantir uma coisa e a outra é necessário que os países colaborem no âmbito das Nações Unidas e até nas suas relações a nível regional ou bilateral”, afirmou, acrescentando que a organização que irá dirigir “será um dos parceiros para contribuir nesse sentido”.

O diretor-geral eleito da Organização Internacional das Migrações mostrou-se convicto de que as alterações climáticas serão “um novo grande motivo de movimentação de população à escala planetária”.

Acho que hoje já há evidência de que em vastas regiões do mundo, quer em função da subida da temperatura das águas dos oceanos e da consequente subida do nível dessas águas, quer através da seca em muitas regiões do mundo que esgota o modelo produtivo agrícola ou pastorício, há populações que se deslocam em resposta a estes fenómenos climáticos mais radicais”, referiu.

Nesse âmbito, considerou ser “possível hoje antecipar quais são as regiões do mundo onde essas alterações climáticas terão impactos nas condições de vida das pessoas e, consequentemente, gerarão fluxos migratórios”, aludindo às ilhas do Pacífico (devido à subida das águas) e à África Subsariana (devido à seca persistente).

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