Apito: PJ relata escutas sobre viagem a Moçambique - TVI

Apito: PJ relata escutas sobre viagem a Moçambique

  • Portugal Diário
  • 19 fev 2008, 18:21
Pinto de Sousa à entrada do tribunal de Gondomar (João Abreu Miranda/LUSA)

Pinto de Sousa integrou comitiva do ex-PM, Durão Barroso

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Uma inspectora da PJ explicou esta terça-feira os telefonemas que escutou a Pinto de Sousa, nomeadamente aquele em que o ex-presidente do Conselho de Arbitragem da FPF reconhece ter acompanhado Durão Barroso a Moçambique por influência de Valentim Loureiro, refere a Lusa.

A inspectora Leonor Brites contou ao tribunal de Gondomar que o antigo dirigente da arbitragem disse, numa conversa com o filho, que «quem tinha conseguido a viagem a Moçambique foi o major».

No âmbito da investigação do Apito Dourado, aquela inspectora manteve, durante cinco meses, a responsabilidade de interceptar as conversas telefónicas de Pinto de Sousa.

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A acusação do processo diz que Pinto de Sousa teria como uma das contrapartidas das nomeações de árbitros a pedido o «acesso aos círculos do poder».

Sustenta mesmo que uma das contrapartidas dos alegados favores de Pinto de Sousa teria sido a sua integração, em Março de 2004, na comitiva oficial que o então primeiro-ministro, Durão Barroso, levou numa visita a Moçambique.

As alegadas influências de Valentim Loureiro junto do poder político, nomeadamente para que Pinto de Sousa integrasse a comitiva de Durão Barroso, tinham sido questionadas, horas antes, pelas defesas.

Defesas questionam métodos da investigação

As defesas questionaram também os métodos de investigação da PJ, que não juntou aos autos uma conversa telefónica interceptada entre Pinto de Sousa e Sequeira Nunes, ao tempo dirigente do Belenenses.

Nessa conversa, Pinto de Sousa manifestava intenção de não se recandidatar ao cargo, contrariando a tese do MP segundo a qual o ex-presidente da Comissão de Arbitragem teria como segunda contrapartida das nomeações de árbitros a pedido os votos para ser reeleito para o órgão.

Recuando ao início das intercepções telefónicas, a inspectora Leonor Brites disse, no seu depoimento da tarde de hoje, que «rapidamente» se apercebeu que «eram imensas as conversas entre Pinto de Sousa e José Oliveira, em que este transmitia o nome do árbitro que pretendia fosse nomeado para determinado jogo».

«Em alguns casos, era estabelecida uma ordem de preferência», precisou.

A inspectora garantiu nunca ter escutado qualquer chamada de responsáveis dos Dragões Sandinenses com pedidos de árbitros para os seus jogos.

Os Dragões Sandinenses eram directos adversários do Gondomar SC na candidatura à subida e os presidentes de ambos os clubes tinham o mesmo nome.

A inspectora referiu-se ainda a uma situação de alegado favorecimento da empresa «Globaldesign», também julgada no âmbito deste processo, confirmando o essencial da acusação.

Em causa está a adjudicação alegadamente ilegal, pela Câmara de Valentim Loureiro, da feitura de um boletim informativo do programa «Urban II» para o desenvolvimento sustentado da Triana, Areosa, Rio Tinto.

UEFA permite ofertas aos árbitros até 140 euros

Noutro ponto da audiência de hoje, um advogado lembrou a existência de um comunicado da UEFA que permitia ofertas aos árbitros até 200 francos suíços, uns 140 euros.

No fecho do seu depoimento, o inspector da PJ Casimiro Simões admitiu que esse comunicado foi veiculado pela FFP mas «a dúvida» - a sua dúvida - seria se essas ofertas já seriam permitidas na época dos factos em julgamento (2003/2004) ou só nas seguintes.

Vários árbitros de jogos do Gondomar SC receberam prendam em ouro no valor de cerca de 200 euros, afirma a acusação.

O julgamento prossegue na manhã de quarta-feira.
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