Todos os dias nove crianças sofrem uma queda grave - TVI

Todos os dias nove crianças sofrem uma queda grave

Janela (REUTERS)

Nos últimos 14 anos, as quedas mataram 109 crianças e obrigaram ao internamento de mais de 60500. Significa que, em cada dia que passa, nove crianças sofrem uma queda com consequências graves que pode incluir a morte. Uma pesada parte destas quedas envolve varandas ou janelas e a esmagadora maioria pode ser evitada. Por isso, a Associação para a Promoção da Segurança Infantil lança a campanha «Acabe com as quedas para a desgraça», que pretende alertar as consciências de famílias e não só

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As imagens a preto e branco mostram um cortinado sacudido pela brisa que vem da rua. Um cortinado transparente. À medida que a câmara se afasta desse pormenor, revela um caixão de dimensões escassas, onde caberia apenas um bebé. Enquanto estas imagens nos toldam o pensamento, ouvimos a voz de Maria Ana Bobone cantar «Menina Estás à Janela», de Vitorino.

Assim arranca a campanha da Associação para a Promoção da Segurança Infantil (APSI) que tem como intuito prevenir quedas que afetam nove crianças por dia com consequências graves, incluindo a morte.



A campanha da APSI está no ar desde esta segunda-feira e baseia-se em dados dos últimos 14 anos e que dão conta de 109 mortes de crianças na sequência de quedas e mais de 60500 internamentos. A maioria destes casos aconteceu em edifícios ou outras estruturas: de acordo com dados recolhidos pela APSI, 30% das mortes de crianças na sequência de quedas aconteceram precisamente nessas circunstâncias e quase todas em habitações ou estabelecimentos educativos.

Este tipo de acidentes acontece mais com crianças até aos quatro anos, até pela própria fisionomia associada a esta idade, em que o peso da cabeça ainda é muito elevado. «A criança ouve um ruído vindo da rua, um cão a ladrar, um amigo que passa e quer espreitar. Debruça-se e, se não estiver protegida cai com muita facilidade», alerta Sanda Nascimento, da APSI, em entrevista à TVI24.



As quedas com consequências graves afetam também mais os rapazes que as raparigas, mas isso é o que menos importa: «Não nos interessa saber as idades ou o género. Interessa-nos é saber as circunstâncias em que os acidentes acontecem, para ajudar as famílias a preveni-los».

«Não é uma questão de vigilância. Claro que ela é importante, mas não chega! Quando temos uma guarda numa varanda ou numas escadas que tem espaço do chão até à primeira barra que uma criança a gatinhar consegue transpor, está tudo dito!», exemplifica Sandra Nascimento.
 

Três aspetos fundamentais:


# A guarda deve ter no mínimo 1,10 metros de altura, sem elementos que a criança possa usar como degrau para trepar.

# A guarda não deve ter aberturas superiores a 9 centímetros, para impedir que a criança as use como degraus ou até fique com a cabeça presa.

# As famílias ou os cuidadores não devem deixar nas varandas nada que a criança possa usar como degrau (por exemplo: cadeira, triciclo, balde, etc.)


A responsável a APSI sublinha que uma distração por parte de quem cuida é muito fácil de acontecer e que «a criança tem direito a ter um espaço seguro onde possa explorar e brincar, sem que o adulto ande sempre a dizer o que pode ou não pode fazer».

Mas a Associação para a Promoção da Segurança Infantil considera que, mais do que as famílias, quem projeta e quem legisla tem uma responsabilidade acrescida. «Existe ainda muita falta de conhecimento acerca daquilo que a lei exige. Muito provavelmente, os projetistas, os arquitetos e até os próprios municípios não sabem o que fazer para por em prática os quesitos de segurança das guardas de varandas e janelas», lamenta Sandra Nascimento.



Por isso mesmo, a nova campanha da APSI, intitulada «Acabe com as quedas para a desgraça», não é direcionada só para as famílias, mas também para quem projeta, para os responsáveis pela aplicação da legislação e para quem avalia os riscos.

E a questão não se prende só com edifícios novos. A reabilitação de edifícios antigos é outra das preocupações, com prioridade para as habitações e para as escolas. «É importante que estes edifícios sejam requalificados com estruturas seguras. As casas, as edificações perduram e vão afetar novas gerações», remata a responsável a APSI. 
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