Museu roubado... trancas à porta - TVI

Museu roubado... trancas à porta

  • Portugal Diário
  • 13 nov 2007, 17:43

Peças valiosas chumbadas na parede e vidros à prova de bala

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O Museu da Ourivesaria Tradicional de Viana do Castelo, fechado desde 06 de Setembro na sequência de um violento assalto à mão armada, vai reabrir antes do Natal, com segurança reforçada, anunciou hoje o proprietário, noticiou a Lusa.

Segundo Manuel Freitas, as peças mais valiosas serão «chumbadas na parede em quadros de aço», com vidros de «especial espessura e à prova de bala».

O ourives afirmou que a «esmagadora maioria» das peças do museu será em prata dourada, com «réplicas perfeitas» das peças originais, roubadas naquele assalto.

O museu tinha sido inaugurado em Agosto e continha cerca de 800 peças, tendo os assaltantes deixado apenas «entre 300 e 350 que estavam em quatro tabuleiros e que perderam na precipitação da fuga».

«Tudo o resto, incluindo uma caixa de hóstias do século XVI em ouro maciço, que era a segunda peça mais valiosa do museu, já há muito que deve estar derretido. Foi o adeus a uma boa parte de uma colecção que continha peças únicas, como um xaile e um enorme barco rabelo em ouro ou uma Torre de Belém em prata dourada», lamentou.

No entanto, e durante todos estes meses, Manuel Freitas tem vindo a apetrechar-se com «réplicas perfeitas» das peças roubadas, mas em prata dourada, que darão corpo ao «novo» Museu da Ourivesaria Tradicional, que reabrirá antes do Natal.

Antes disso, entre 19 e 30 de Novembro, o ourives vai «inaugurar provisoriamente» o museu com uma exposição no Casino da Figueira da Foz, que contará perto de meio milhar de peças.

Entre estas peças está aquela que Manuel Freitas considera a mais valiosa do museu, uma Senhora da Conceição indo-portuguesa do século XVII, toda em ouro, «que milagrosamente os ladrões deixaram ficar».

«O administrador do Casino da Figueira da Foz foi uma das pessoas que mais me encorajou a seguir em frente, depois do assalto, pelo que considero que lhe devia este gesto de gratidão. O museu abre primeiro naquela cidade e depois instala-se, definitivamente, na sua sede, em Viana do Castelo», referiu.

O assalto àquele museu e a uma ourivesaria contígua, do mesmo proprietário, registou-se no final da manhã de 06 de Setembro e foi perpetrado por um grupo armado, que se envolveu numa troca de tiros com agentes da PSP.

Do tiroteio resultou a morte de um dos assaltantes e quatro feridos, entre os quais um agente da PSP e um transeunte de 74 anos que estava numa paragem de autocarro e foi atingido na coluna, ficando paraplégico.

A Polícia Judiciária deteve, a 03 de Outubro, seis indivíduos, alegadamente envolvidos nos assaltos, tendo o tribunal aplicado prisão preventiva a quatro deles.

O juiz que conduziu o interrogatório sublinhou que se trata de uma situação de criminalidade «especialmente violenta» e que os arguidos estão «fortemente indiciados» da prática de dois crimes de roubo, um crime de associação criminosa e dois crimes de homicídio, estes na forma tentada.

Os outros dois foram libertados pelo Ministério Público, que entendeu não haver matéria suficiente para acusação.

Segundo Manuel Freitas, os assaltantes terão levado cerca de 1200 peças em ouro, no valor total de cerca de 800 mil euros.
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