O número de clientes da EDP que continuam sem energia eléctrica na sequência das intempéries que assolaram a região do Oeste é muito superior aos 100 casos reportados pela empresa, no seu último balanço, assegura o presidente da Associação Portuguesa de Técnicos de Segurança e Protecção Civil (ASPROCIVIL).
«Temos sido contactados por várias autarquias da região Oeste, entre Lisboa e Santarém, e registamos várias centenas de clientes da EDP sem energia eléctrica», assegura Ricardo Ribeiro ao tvi24.pt, destacando os casos do «Cadaval, Alenquer e Alcoentre».
Preços dos legumes dispararam devido ao mau tempo
Cidália Simões, 41 anos, está sem electricidade desde a madrugada de 22 para 23 de Dezembro, mas «pelos vistos, a EDP nem sequer sabia do meu caso», refere ao tvi24.pt esta residente em Casais de Caneira, Alcoentre, Azambuja, juntamente com o marido e duas filhas, de 19 e sete anos.
«Só na minha zona há nove famílias, num total de 50 pessoas, sem electricidade», assegura. Cidália não tem dúvidas de que a zona foi atingida por um tornado. «Até ouvi aquele barulho em funil a aproximar-se», assegura.
Seguiu-se o derrube de vários postes de muito alta tensão, mesmo ali ao lado. «Apanhámos um grande susto. No dia seguinte, só conseguia ligar para o 112. «Disseram-nos que a Protecção Civil e os bombeiros de Alcoentre seriam avisados».
Os dias passaram e, apesar de os carros da EDP andarem por ali, a electricidade teimava em não regressar. Ontem, domingo, ligou para a linha de apoio da EDP. «Disseram-me que não tinham registado este caso, mas que iam mandar alguém». Ao final da manhã desta segunda-feira, continuava à espera.
A noite de Natal, em que a filha celebrou 19 anos, foi passada à luz da vela. Desde o dia 25, contam com um gerador emprestado. «Ligamo-lo das 20 horas à meia-noite, e com isso vai logo um depósito de gasolina», lamenta.
Contactado pelo tvi24.pt, o vice-presidente da Câmara da Azambuja, Luís de Sousa, responsável pelo pelouro da Protecção Civil, admite desconhecer que ainda há famílias em Casais da Caneira sem electricidade, acrescentando que o comandante operacional está no terreno a fazer o ponto da situação.
Protecção Civil: «Resposta da EDP foi lenta e insuficiente»
«Cinco dias sem luz por causa de uma intempérie não é uma resposta adequada da EDP», critica o presidente da ASPROCIVIL, que não poupa críticas à empresa pela forma como responde ao problema.
«A EDP não faz os trabalhos de casa antes dos acidentes», assegura, dando exemplos daquilo que se impõe fazer:
«A empresa deve ter geradores ao longo do país, equipas de prevenção em número adequado e familiarizadas com os procedimentos a adoptar nestas situações».
Por outro lado, «não há motivo para que os traçados não sejam subterrâneos», evitando-se os danos causados pelo mau tempo, afirma Ricardo Ribeiro.
Os call-centers também têm de ser reforçados nestas alturas para que todas as queixas sejam registadas em tempo útil.
O facto de a maioria das autarquias não ter planos de emergência municipal actualizados e de responderem, ou tardiamente, ou sem meios adequados aos problemas, não escapa à ASPROCIVIL.
Entretanto, contactada pelo tvi24.pt, fonte da EDP afirmou que o número de clientes sem energia eléctrica é verificado, tendo em conta o registo de fornecimentos que não estão a chegar aos destinatários.
«Não sabemos como é que outros podem ter elementos diferentes», refere.
Sobre o balanço de clientes ainda privados de energia eléctrica, bem como sobre as críticas da ASPROCIVIL, a EDP «vai fazer um balanço da situação e tomar posição mais tarde», remata.
Mau tempo: clientes da EDP sem luz são «várias centenas»
- Cláudia Rosenbusch
- 28 dez 2009, 14:00
Associação de Técnicos de Protecção Civil tem dados diferentes da empresa. «Nem sequer sabiam do meu caso», garante moradora de Alcoentre, há cinco dias sem luz
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