Entrar, assaltar e os donos a dormir - TVI

Entrar, assaltar e os donos a dormir

Assalto  [arquivo]

Assaltos a casas durante a madrugada são cada vez mais frequentes. E, às vezes basta um pequeno descuido. Quem já passou por isso, recorda o susto e a sensação de insegurança. «E se acordassemos?»

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Há pelo menos três casas a serem assaltadas em Portugal numa hora. Por dia, serão mais de 60 e, no final do ano, o número será superior a 22 mil. As médias foram calculadas pelo JN, a partir dos dados do Gabinete Coordenador de Segurança, relativos às ocorrências registadas em 2007 pela PSP, GNR e PJ.

Segundo os dados presentes no Relatório Anual de Segurança Interna de 2007, o distrito de Lisboa aparece no topo da lista com 4.736 assaltos a residências, o que equivale a uma média de 13 casos por dia. Aliás, apesar deste tipo de assalto ter diminuído em relação a 2006, na capital verificou-se um aumento.

A seguir a Lisboa, segundo dados consultados pelo PortugalDiário, segue-se o distrito de Faro, com 3.657 assaltos a casas registados no ano passaso, e depois o distrito do Porto, com 3.440 assaltos - nove casos por dia.

Morar num andar alto, ter um cão ou estar toda a gente em casa não são obstáculos para os assaltantes. Alíás, há cada vez mais casos de assaltos durante a noite, enquanto os proprietários dormem e a escalada é um dos métodos preferidos. Às vezes basta um pequeno descuido, um janela entreaberta ou mal fechada, uma porta por trancar, para eles entrarem. Depois é tudo muito rápido e de forma discreta. Se houver um flagrante, no entanto, pode ser mais complicado.

Um ano depois ainda nos levantamos quando ouvimos barulho

Maria recorda ao PortugalDiário o assalto à sua casa, em Carnaxide, no Verão passado. Tinha ido sair à noite e chegou às 3 da manhã. Até essa hora estava tudo normal. A mãe só deu conta do assalto às sete da manhã, quando se levantou. «A porta que dá acesso aos quartos estava encostada e nós deixamos sempre aberta. Além disso, quando chegou ao hall verificou que as persianas e a janela da varanda estavam abertas. Na varanda estavam as nossas carteiras e todo o conteúdo espalhado no chão».

O plasma estava já prontinho para ser levado, «mas devem ter desistido ou assustaram-se com alguma coisa. Levaram só 15 euros e um telemóvel que estava na cozinha».

Na mesma noite, os assaltantes foram também ao segundo andar, onde roubaram todos os cartões de crédito, e ainda tentaram entrar noutro, mas não conseguiram. Mas mais do que aquilo que foi roubado, a família de Maria sentiu que a sua intimidade tinha sido violada e, principalmente, uma grande insegurança. Como diz Maria, «se eles entraram uma vez, podem voltar a entrar, mesmo com tudo fechado».

O descuido de terem deixado a janela da varanda (é um 1º andar) nunca mais foi esquecido. Desde essa altura, o pai, a mãe e a Maria vão, cada um deles, verificar se ficou tudo fechado antes de se deitarem. E passado quase um ano, «ainda nos levantamos quando ouvimos qualquer barulhinho», conta Maria.

«Conheciam as rotinas da casa»

Carla ficou a estudar até às 3 da manhã. Depois foi deitar-se. Em casa já todos dormiam. E estava tudo calmo. Foi a mãe, Rita, a primeira a levantar-se. Encontrou a carteira no chão da cozinha, com as coisas espalhadas. Primeiro pensou que tinha sido a cadela a portar-se mal, mas entretanto a filha queixou-se que o porta-moedas dela tinha desaparecido e o marido disse o mesmo.

Depois apercebeu-se de outras coisas: «Entraram pela janela da cozinha que estava entreaberta. Como é um terceiro andar alto nunca me passou pela cabeça... Devem ter prendido uns ganchos nas grades que ficam em frente aos estendais e subiram. A cadela foi dopada e, por isso, não ladrou».

Rita explica ao PortugalDiário que os assaltantes deviam conhecer as rotinas da casa e sabiam que havia uma cadela, por isso tinham algo para a dopar.

Os assaltantes levaram os porta-moedas, com cerca de 150 euros, no total, mas depois largaram-nos com os documentos no jardim do condomínio. O mesmo aconteceu com as carteiras dos vizinhos do quarto andar, que também foram assaltados. «Estou convencida que se não houvesse dinheiro tinham ido até aos quartos. É assustador, horrível. E se acordassemos?»
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