Advogado de Bruno de Carvalho sobre testemunha: "Comprada por nós, não podia ser melhor" - TVI

Advogado de Bruno de Carvalho sobre testemunha: "Comprada por nós, não podia ser melhor"

  • 3 dez 2019, 10:55

Ricardo Gonçalves foi a única testemunha ouvida na segunda-feira e hoje vai ser questionada pelo advogado de defesa do antigo presidente. Também o histórico jogador do Sporting Manuel Fernandes vai ser ouvido pela juíza

O coordenador de segurança do Sporting à data do ataque à Academia, Ricardo Gonçalves, continua, nesta terça-feira, a ser ouvido no Tribunal de Monsanto, na oitava sessão do julgamento, depois de na véspera ter revelado uma reunião de staff com Bruno de Carvalho um dia antes da invasão, em que o presidente do clube queria saber quem o apoiava incondicionalmente, "acontecesse o que acontecesse".

Ricardo Gonçalves foi a única testemunha ouvida na segunda-feira e hoje vai ser questionada pelos advogado de defesa do antigo presidente. Também o histórico jogador do Sporting Manuel Fernandes vai ser ouvido pela juíza.

À chegada ao tribunal, o advogado de Bruno de Carvalho, Miguel Fonseca, disse que o depoimento de Ricardo Gonçalves não poderia ter sido mais favorável à defesa do seu cliente.

Esta testemunha, se tivesse sido 'comprada' por nós, não podia ser melhor. Conseguiu ser objetivo naquilo que transmitiu e a nós interessa-nos ver o que o tribunal está a escrever e quando é que escreve. E as juízas tiveram o discernimento de ver o que é que foi objetivo e o que é que foi uma fantasia. Por isso, estou otimista", disse aos jornalistas.

Na segunda-feira, o antigo coordenador de segurança da Academia foi confrontado com declarações prestadas na fase de inquérito, admitindo que se esqueceu de alguns “detalhes”, depois de Miguel Matias, advogado de um dos arguidos, apontar "contradições e discrepâncias" no depoimento em tribunal.

O advogado apontou que Ricardo Gonçalves concretizou e individualizou mais agressões e agressores do que aqueles que indicou quando falou na fase de inquérito.

Além disso, a testemunha disse ter recebido um telefonema do arguido Bruno Jacinto, ex-oficial de ligação aos adeptos, e que depois lhe telefonou, mas não tinha indicado, até ontem, este telefonema.

Ricardo Gonçalves explicou que prestou declarações pela primeira vez na esquadra da GNR de Alcochete ainda na madrugada de 16 maio de 2018, após o ataque, “já a uma hora tardia e cansado”, justificação que provocou riso aos advogados dos arguidos.

“Ainda hoje, tanto me posso esquecer de uns detalhes e recordar outros”, acrescentou a testemunha.

Miguel Matias questionou a testemunha se desde que prestou declarações à GNR, em maio de 2018, e à procuradora Cândida Vilar, em agosto de 2018, sofreu algum tipo de pressão ou ameaça para que alterasse as suas declarações.

“Não, claro que não”, assegurou Ricardo Gonçalves.

O advogado perguntou então a que é que se deveu este esquecimento. “Resulta apenas do facto de ser humano”, respondeu a testemunha.

A presidente do coletivo de juízes, Sílvia Pires, afirmou que “não viu contradições”, mas apenas “omissões” e perguntou à testemunha se tem dúvidas do que falou em tribunal.

“Não tenho dúvidas do que disse hoje aqui”, afirmou Ricardo Gonçalves.

O advogado Pedro Madureira, alegando “manifestas discrepâncias” nas declarações e explicações de Ricardo Gonçalves, pediu que o tribunal extraísse certidão, para que o Ministério Público investigue.

Contudo, a juíza presidente considerou o requerimento uma “forma de condicionar” o depoimento, explicando que, no final do julgamento, se o tribunal entender que esta ou outra testemunha mentiu, procederá em conformidade.

Para já, sublinhou, “não há indícios de que a testemunha tenha faltado à verdade”.

 

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