Autarquias de norte a sul criticam aumentos das portagens - TVI

Autarquias de norte a sul criticam aumentos das portagens

  • 29 dez 2017, 18:33
Portagens

Novas tarifas previstas para 2018 são contestadas por câmaras municipais de concelhos por onde passam as autoestradas A1, A2 e A3

A Câmara Municipal de Vila Franca de Xira lamenta os aumentos dos preços anunciados pela Brisa para o nó da Autoestrada do Norte (A1) que atravessa o concelho e defendeu a abolição de portagens no município.

Num comunicado emitido esta sexta-feira, a empresa de concessão rodoviária Brisa anunciou o novo tarifário de portagem para 2018 que prevê, entre outras alterações, o aumento de cinco cêntimos para veículos da classe 1 no sublanço entre Alverca (A1/A9) e Vila Franca de Xira II (A1), no concelho de Vila Franca de Xira, distrito de Lisboa.

Face a este anúncio, o presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Alberto Mesquita (PS), lamentou o agravamento tarifário e ressalvou que "a autarquia irá continuar a lutar pela abolição das portagens no concelho".

Tendo em conta os constrangimentos de trânsito verificados diariamente no concelho, esta é a principal preocupação da autarquia, face à continuidade da existência das portagens em Vila Franca de Xira, situação que se considera ser urgente modificar", sublinhou o autarca.

O autarca sublinha que Câmara "tem defendido junto das entidades competentes" a necessidade de abolir as portagens naquele concelho, uma vez que a via se assume naquela zona como "urbana"

Na nota à comunicação social, a Brisa refere ainda que pretende investir no próximo ano cerca de 64 milhões de euros na realização de "obras para melhoria dos níveis de serviço prestado, ao nível da segurança e conforto".

Críticas na A2

Também os autarcas de Alcácer do Sal, Grândola e Almodôvar, três concelhos alentejanos servidos pela A2, que liga Lisboa ao Algarve, criticaram o anunciado aumento das portagens nesta via, atendendo à degradação da estrada alternativa, o IC1.

Pelo facto de, até hoje, o Governo não ter intervencionado o Itinerário Complementar (IC) 1, que está em muito mau-estado, não são boas notícias”, disse à agência Lusa, Vítor Proença, presidente da Câmara de Alcácer do Sal (Setúbal), eleito pela CDU.

O aumento na A2, continuou, é prejudicial “para o turismo, para a economia, para as mercadorias e para aqueles que necessitam de circular, quer no IC1, quer na A2”.

Contactado pela Lusa, o autarca de Grândola, António Figueira Mendes (CDU), assumiu posição idêntica: “O que importava era que as pessoas tivessem alternativa” à circulação na Autoestrada do Sul (A2), “mas essa alternativa continua a tardar e estamos em mais um inverno, em que o IC1 se vai continuar a degradar”.

Se houvesse essa alternativa, isso minoraria o impacto do aumento das portagens na A2, mas, não havendo, os automobilistas não podem fugir à subida”, argumentou.

Também António Bota, presidente da Câmara de Almodôvar (Beja), eleito pelo PS, argumentou que o aumento das portagens na A2, só se justificaria se “alguma percentagem” dessa subida fosse “aplicada nas estradas nacionais” e, no caso do seu concelho, no IC1, que “está um nojo”.

Contactados pela Lusa, os autarcas PS de Aljustrel, Castro Verde e Ourique, concelhos também atravessados pela A2, escusaram-se a comentar o aumento, o mesmo acontecendo com o comunista Carlos Pinto de Sá e o socialista Nuno Mocinha, presidentes das câmaras de Évora e Elvas, municípios servidos pela A6.

Brisa justifica-se

A Brisa Concessão Rodoviária revelou esta sexta-feira que as portagens em diversas autoestradas que integram a sua rede, distribuídas pelo país, vão aumentar, a partir de 1 de janeiro.

O maior aumento vai acontecer na autoestrada Lisboa-Porto (A1), em que as portagens vão subir 45 cêntimos para a classe 1, seguindo-se a A2, entre Lisboa e o Algarve, e a A6, entre Marateca e Caia, cujos aumentos vão ser de 25 cêntimos, segundo a empresa.

A nível urbano registam-se subidas de cinco cêntimos nas portagens entre a A9 e a CREL, no sublanço entre Alverca (A1/A9) e Vila Franca de Xira II, pertencente à A1, e na A4, que liga Porto a Amarante, ainda segundo os cálculos feitos pela Brisa para a classe 1.

Já as portagens na A3, autoestrada que liga o Porto a Valença, vão ter um incremento de 20 cêntimos.

Cávado contra “aumento desproporcional”

O presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Cávado afirmou estar "estupefacto e surpreendido" com o "aumento desproporcional" de 20 cêntimos na portagem da A3, que liga o Porto a Valença.

Em declarações à Lusa, Ricardo Rio, que é também presidente da Câmara Municipal de Braga, referiu entender que haja "ajustes" no preço das portagens, alertando que um aumento daquele valor vai interferir com na economia da região, embora tenha dito acreditar que "não vai causar uma diminuição direta" da atividade económica dos concelhos abrangidos por aquela autoestrada.

A Brisa anunciou hoje os novos tarifários para a rede de autoestradas que gere, sendo que na A3 verifica-se o quarto maior aumento no preço de portagens, de 20 sentimos, passando a custar 9.95 euros percorrer a autoestrada que liga Porto a Valência, segundo o sítio da internet do Automóvel Clube de Portugal.

Este aumento anunciado deixa-me estupefacto e surpreendido. Até entendemos que sejam feitos ajustes ao preço das portagens agora deste montante é que já não entendemos porque", afirmou Ricardo Rio.

O responsável pela CIM do Cávado, que agrega os concelhos de Braga, Amares, Barcelos, Esposende, Terras de Bouro e Vila Verde, salientou que a questão não está no aumento do valor da portajem.

Até entendemos que haja ajustes no preço das portagens agora não um aumento tão desproporcional em relação a outros troços de autoestrada noutras áreas do país", disse.

Questionado sobre se o aumento da portagem na A3 pode ter consequências na economia da região, o autarca mostrou-se convencido que não terá diretamente: "Claro que vai ter reflexos no aumento de custos das empresas e dos operadores da região mas estou convencido que não vai prejudicar de uma forma direta a atividade económica da região, embora vá, obviamente, resultar num aumento de custos", referiu.

Continue a ler esta notícia