Poluição do ar ultrapassa limites e atinge valores "críticos" em Lisboa - TVI

Poluição do ar ultrapassa limites e atinge valores "críticos" em Lisboa

  • SS - atualizada às 19:14
  • 12 out 2017, 18:45
Avenida da Liberdade

Associação ambientalista Zero defende a necessidade de avisar a população e de implementar medidas preventivas, como restringir o trânsito

A Avenida da Liberdade, em Lisboa, registou na terça e quarta-feira valores superiores aos permitidos de dois poluentes, revela a Zero, que defende a necessidade de avisar a população, e de medidas preventivas, como restringir o trânsito.

Nesses dois dias, "ocorreram 12 excedências do valor máximo permitido”, disse esta quinta-feira à agência Lusa Carla Graça, da Associação Sistema Terrestre Sustentável, Zero, acrescentando que “por lei só são permitidas, por ano, 18 excedências [de partículas inaláveis] e, neste momento, já estamos nas 20".

Sete excedências aconteceram na quarta-feira e cinco na terça-feira, ou seja, "dois terços das excedências permitidas por ano [aconteceram] em dois dias", alertou.

Também os valores de óxido de azoto, calculados com base na média observada ao longo do ano, "até agora já excedem em muito o valor permitido médio e dificilmente recuperaremos o défice que existe" até final de dezembro, explicou a ambientalista.

Em termos de qualidade do ar, estes dois parâmetros - as partículas inaláveis e os óxidos de azoto - "são críticos para a saúde humana", resumiu Carla Graça.

Para a Zero, "é necessário, além dos avisos à população - que não estão a acontecer -, tomar medidas de emergência e até preventivas", para tentar, pelo menos, diminuir o impacto do tráfego automóvel na qualidade do ar.

As condições climatéricas excecionais, com vento fraco, temperaturas elevadas, pouca dispersão de poluentes, e mais o tráfego, levam a "uma concentração de poluentes e não há condições para a dispersão", especificou Carla Graça.

A ambientalista defendeu que "isto era previsível até pelas próprias indicações do instituto de meteorologia [Instituto Português do Mar e Atmosfera - IPMA] que já previa as condições atmosféricas".

Entre as medidas de emergência que a Zero defende estão a proibição de circulação e de estacionamento de automóveis em determinadas zonas, a disponibilização gratuita de transportes públicos ou a redução obrigatória de velocidade em zonas alargadas.

Carla Graça recordou que a situação se verificou na estação de monitorização da avenida da Liberdade, em Lisboa, "uma zona bastante bem servida de transportes coletivos".

A Zero considera, assim, que Lisboa e Porto, à semelhança de outras cidades europeias, como Madrid, Paris ou Bruxelas, com episódios de poluição semelhantes aos verificados nos últimos dias em Portugal, devem ter um plano de emergência, a ser ativado com a brevidade possível.

O dióxido de azoto, em concentrações elevadas, pode causar irritação dos olhos e garganta, afetar as vias respiratórias, provocando diminuição da capacidade respiratória, dores no peito, edema pulmonar e danos no sistema nervoso central e nos tecidos, afetando principalmente as crianças, os asmáticos e os indivíduos com bronquites crónicas.

As autoridades alertaram, através da Direção-Geral da Saúde (DGS), para "uma persistência das condições meteorológicas desfavoráveis à dispersão dos poluentes, nos próximos dias, com efeitos adversos na qualidade do ar, e a ocorrência de eventos naturais de partículas nas regiões do Alentejo e Algarve”.

 

Lisboa terá plano até ao final do ano

Também esta quinta-feira, o Governo garantiu que Lisboa e Vale do Tejo terá até ao final do ano um plano para situações de poluição do ar, estando a ser ponderadas medidas como inibição de entrada de veículos na capital.

Estamos em véspera de ter aprovado na CCDR [Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional] de Lisboa e Vale do Tejo, um plano orientado para esse tipo de [ações], ou seja, conforme a criticidade da situação [de poluição do ar] assim sejam adaptadas um conjunto de medidas, sobretudo para a cidade de Lisboa", disse à agência Lusa o secretário de Estado do Ambiente.

Carlos Martins referiu estar convicto que, "até final do ano, o plano estará aprovado e passará a ser a referência de conduta relativamente a este tipo de problemas".

Entre as medidas previstas no plano, está a possibilidade de "inibir os veículos de irem para determinadas zonas da cidade, inibir mesmo a sua entrada, reduzir o número de veículos através das matrículas ou através do combustível que consomem", explicou o governante.

O plano está em vias de ser aprovado e passar a ser uma referência para a política do ar em Portugal, esperamos que essas medidas possam ser levadas a outras cidades", num desafio em conjugação com os municípios, acrescentou.

Esta é uma das decisões do Governo que também já aprovou uma estratégia nacional para a qualidade do ar e iniciou a modernização da rede de recolha de dados para controlar as situações de poluição atmosférica, com um investimento superior a dois milhões de euros, através do Fundo Ambiental e de fundos das cinco CCDR.

 

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