Gabinete de investigação de acidentes alerta para riscos de descolagens no Aeroporto de Lisboa - TVI

Gabinete de investigação de acidentes alerta para riscos de descolagens no Aeroporto de Lisboa

  • BM
  • 17 mai 2019, 18:46
Aeroporto de Lisboa (arquivo)

Preocupação é manifestada numa nota informativa do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e Acidentes Ferroviários sobre um “incidente grave” com um A320 da easyJet, a 24 de abril

O organismo que investiga acidentes alerta as companhias aéreas e as entidades aeronáuticas para os riscos das descolagens com potência reduzida na principal pista do Aeroporto de Lisboa, podendo ter “graves consequências” em caso de avaria de motor.

A "preocupação" é manifestada numa nota informativa do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e Acidentes Ferroviários (GPIAAF), a que a agência Lusa teve hoje acesso, sobre um “incidente grave” com um A320 da easyJet, que, na noite de 24 de abril, descolou da pista 21 (na direção da Segunda Circular – sentido Norte-Sul), abaixo da altitude estipulada.

O GPIAAF delegou a investigação na sua congénere do Reino Unido (AAIB), por esta ter muito trabalho desenvolvido naquele tipo de incidentes, e por ter recentemente emitido diversas recomendações sobre o assunto, mas com base na informação que recolheu numa fase preliminar, desde já alerta a ANA – Aeroportos de Portugal, gestora do aeroporto, e a Autoridade Nacional da Aviação Civil para avaliarem se existe a necessidade de o risco na operação da pista 21 ser reavaliado.

Dada a crescente tendência do número de relatos de descolagens marginais e os estudos atualmente disponíveis sobre esta matéria, a Autoridade Nacional de Aviação Civil e a direção do Aeroporto de Lisboa poderão, enquanto as recomendações já emitidas pelo AAIB às autoridades internacionais não são implementadas, considerar avaliar se existe a necessidade de revisão da avaliação de riscos para a operação da pista 21”, frisa o GPIAAF.

Aos operadores aéreos (companhias aéreas), este organismo destaca a “extensa preocupação da indústria em relação aos procedimentos de descolagem com potência reduzida”.

Nesse sentido, o GPIAAF “considera apropriado manifestar a sua preocupação formalmente aos operadores aéreos do Aeroporto Humberto Delgado, bem como às entidades aeronáuticas nacionais relevantes, para os riscos envolvidos na operação de descolagem com potência reduzida na pista 21”.

No incidente em causa, a descolagem estava inicialmente planeada para acontecer na pista 21 do ponto de intersecção TWY U5 com 2.410 metros disponíveis, mas “por razões ainda a serem determinadas”, a tripulação reprogramou o computador de voo para a totalidade da extensão da pista, com os seus 3.805 metros de comprimento.

Esta seleção, segundo o GPIAAF, “foi realizada sem cruzar os dados das cartas” com a nova distância de pista programada para descolagem, tendo o A320, com 181 pessoas a bordo, descolado do Aeroporto de Lisboa, com destino a Londres, usando o TWY U5, conforme inicialmente previsto, embora com os dados introduzidos referentes à pista completa.

Apesar da ausência de obstáculos na zona de subida da pista 21, a natureza do espaço envolvente, com a conhecida densidade urbana no rumo da descolagem, é uma preocupação séria no caso da falha de motor em momento crítico durante a descolagem com potência reduzida, podendo ter graves consequências”, sublinham os investigadores do GPIAAF.

O piloto estava na função de comandante há poucos meses e este era o seu segundo voo no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa. Ainda assim, “declarou ter percecionado que a corrida de descolagem foi mais longa do que esperava, no entanto, sem selecionar a potência máxima de descolagem e borrego”.

A redução de potência dos motores à descolagem abaixo do valor máximo possível é projetada para minimizar a temperatura na turbina do motor e, consequentemente, o desgaste do motor.

Esta redução de potência "não pode nunca comprometer os parâmetros de performance de certificação da aeronave para operar em determinado aeroporto”, sublinha a nota informativa.

O GPIAAF confirmou à Lusa que, apesar de ter a perceção de que nem todas estas ocorrências são reportadas, incidentes deste tipo já aconteceram mais vezes no Aeroporto de Lisboa, o último dos quais em 7 de maio, posterior àquele a que a nota informativa se refere.

ANA acusa gabinete de “declarações alarmistas”

A ANA – Aeroportos de Portugal disse que o Aeroporto de Lisboa tem certificação de segurança outorgada, acusando o gabinete de prevenção e investigação de acidentes com aeronaves de “emitir declarações alarmistas”.

A ANA reitera o seu compromisso com a segurança das operações aéreas. A segurança aeroportuária é estratégica para a ANA, foi e será sempre uma prioridade. O Aeroporto de Lisboa tem certificação de segurança outorgado pela Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC), em conformidade com a regulamentação nacional, europeia e internacional”, afirmou à Lusa fonte oficial da ANA.

O organismo que investiga acidentes alertou as companhias aéreas e as entidades aeronáuticas para os riscos das descolagens com potência reduzida na principal pista do Aeroporto de Lisboa, podendo ter “graves consequências” em caso de avaria de motor.

A "preocupação" é manifestada numa nota informativa do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e Acidentes Ferroviários (GPIAAF), a que a agência Lusa teve hoje acesso, sobre um “incidente grave” com um A320 da easyJet, que, na noite de 24 de abril, descolou da pista 21 (na direção da Segunda Circular – sentido Norte-Sul), abaixo da altitude estipulada.

O GPIAAF delegou a investigação na sua congénere do Reino Unido, por esta ter muito trabalho desenvolvido naquele tipo de incidentes, e por ter recentemente emitido diversas recomendações sobre o assunto, mas com base na informação que recolheu numa fase preliminar, desde já alerta a ANA – Aeroportos de Portugal, gestora do aeroporto, e a ANAC para avaliarem se existe a necessidade de o risco na operação da pista 21 ser reavaliado.

A mesma fonte oficial da ANA referiu que o evento em causa pode ter na sua origem “um erro na utilização do computador de bordo por parte do piloto numa aeronave” e nada neste incidente “está relacionado com a infraestrutura”.

A ANA espera e acredita que o GPIAAF adote a abordagem profissional e responsável a que a segurança obriga, aguardando pela realização de uma análise objetiva dos incidentes que envolva competências exaustivas, se necessário externas ao GPIAAF, antes de emitir declarações alarmistas baseadas em perceções pouco rigorosas”, frisou.

Segundo a mesma fonte, as informações recebidas até hoje por parte do GPIAAF ou do regulador “não permitem, em circunstância alguma, concluir que é colocada em causa a segurança das operações aeroportuárias”.

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