Militares portugueses são “uma força decisiva” na República Centro-Africana - TVI

Militares portugueses são “uma força decisiva” na República Centro-Africana

  • AM
  • 29 jan 2019, 21:22
Militares portugueses - República Centro Africana

Comandante da 4.ª Força Nacional Destacada na República Centro-Africana diz ainda que os militares portugueses resolveram a situação em Bambari apesar de enfrentarem “muita resistência” nos combates

O comandante da 4.ª Força Nacional Destacada na República Centro-Africana (RCA) afirmou que os militares portugueses são uma “força decisiva” no país, referindo que resolveram a situação em Bambari apesar de enfrentarem “muita resistência” nos combates.

Os militares portugueses na RCA foram projetados para Bambari no início de janeiro, local onde já tinham estado durante 35 dias em outubro e novembro, tendo estado envolvidos em vários combates até ao dia 23.

“Saímos de Bangui em 04 de janeiro e os primeiros combates começaram em 10 de janeiro. A resistência nas primeiras intervenções foi grande e os grupos armados estavam decididos a manter as posições na cidade de Bambari, mas a força com que abordámos os objetivos obrigou os grupos armados a abandonar as suas posições na cidade”, disse o tenente-coronel paraquedista Óscar Fontoura, comandante da 4.ª Força Nacional Destacada na RCA, em declarações divulgadas pelo Exército no Facebook.

O comandante referiu que os militares, que são a força da intervenção rápida (“Quick Reaction Force”) da Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização na República Centro-Africana (MINUSCA), enfrentaram armamento pesado, como lança granadas, granadas de mão, espingardas automáticas e metralhadoras ligeiras.

“Nos combates seguintes a postura já foi diferente, perceberam que o nosso potencial de combate não lhes dava muita hipótese de resistir às forças portuguesas. Apresentavam alguma resistência inicial, mas depois abandonavam posições”, adiantou.

Óscar Fontoura afirmou que conseguiram expulsar os grupos armados da cidade de Bambari, explicando que para este objetivo foi importante o facto de terem atuado contra o posto de comando de grupo armado UPC.

“A população sentia-se oprimida, com cobrança de impostos ilegais e sem liberdade de movimentos. As populações reconhecem o trabalho da força portuguesa e isso é evidente nas deslocações que temos à cidade. Manifestam contentamento e agradecem, dizendo obrigado Portugal”, disse.

Sobre o facto de os militares portugueses serem considerados os “Ronaldos da MINUSCA”, o comandante reconheceu que essa já é uma expressão recorrente.

“A força portuguesa é uma força decisiva, que intervém sempre nos casos mais difíceis e que os resolve, como aconteceu em Bambari”, frisou.

Portugal está presente na RCA desde o início de 2017, no quadro da MINUSCA.

No início de setembro, o major-general do Exército Marco Serronha assumiu o cargo de 2.º comandante da MINUSCA, que já sofreu 75 mortos desde que foi criada, em 2014.

Aquela que já é a 4.ª Força Nacional Destacada Conjunta no país é composta por 180 militares (177 do Exército e três da Força Aérea) e iniciou a missão em 05 de setembro, sendo a força de intervenção rápida da MINUSCA. Outros seis militares do Exército português integram o comando da missão das Nações Unidas.

Portugal também integra e lidera a Missão Europeia de Treino Militar-República Centro-Africana (EUMT-RCA), comandada pelo brigadeiro-general Hermínio Teodoro Maio.

Na EUTM-RCA, que está empenhada na reconstrução das forças armadas do país, Portugal participa com um total de 53 militares (36 do Exército, nove da Força Aérea, cinco da Marinha e três militares brasileiros).

A República Centro-Africana caiu no caos e na violência em 2013, depois do derrube do ex-Presidente François Bozizé por vários grupos juntos na designada Séléka (que significa coligação na língua franca local), o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas sob a designação anti-Balaka.

O conflito neste país, com o tamanho da França e uma população que é menos de metade da portuguesa (4,6 milhões), já provocou 700 mil deslocados e 570 mil refugiados, e colocou 2,5 milhões de pessoas a necessitarem de ajuda humanitária.

O governo do Presidente, Faustin-Archange Touadéra, um antigo primeiro-ministro que venceu as presidenciais de 2016, controla cerca de um quinto do território.

O resto é dividido por mais de 15 milícias que, na sua maioria, procuram obter dinheiro através de raptos, extorsão, bloqueio de vias de comunicação, recursos minerais (diamantes e ouro, entre outros), roubo de gado e abate de elefantes para venda de marfim.

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