Não teve destaque: Papéis do Panamá estão “off” - TVI

Não teve destaque: Papéis do Panamá estão “off”

  • Miguel Crespo ISCTE-IUL
  • 29 mai 2016, 15:31
Papéis do Panamá

Os media portugueses esqueceram-se depressa dos “Papéis do Panamá”, que há três semanas desapareceram sem deixar rasto

Aquele que aparenta ser o maior escândalo financeiro do ano teve direito a estar no top do Barómetro de Notícias durante semanas. Mas o caso “Papéis do Panamá”, depois de um crescendo de revelações, acusações e insinuações, evaporou-se dos media como se nunca tivesse existido.

O consórcio internacional de jornalistas de investigação (ICIJ) pegou nos 11,5 milhões de registos legais e financeiros obtidos à empresa panamiana Mossack Fonseca e foi divulgando transações, criação de empresas de fachada e nomes de pessoas envolvidas nesses negócios.

Mais do que os nomes apontados (entre os quais muitas figuras públicas ou empresários de todo o mundo, Portugal incluído) ou do que os crimes cometidos (ter uma offshore não é ilegal), o caso trouxe para a paisagem mediática questões éticas e legais.

Por um lado, não é crime, mas é claro que movimentar dinheiro para um paraíso fiscal tem benefícios pessoais e, portanto, penaliza o país de origem do dinheiro e os seus cidadãos. Por outro lado, os esquemas de empresas sem rosto facilita e possibilita todo o tipo de atividades ilegais, desde a fuga ao fisco ao branqueamento de capitais, passando pelo financiamento de regimes sob sanções internacionais ou de atividades terroristas.

Mas não deixa de ser estranho que, depois de tantas promessas e insinuações, de repente se tenha passado para um silêncio quase total, tanto dos media como das autoridades que têm a obrigação de combater as potenciais ilegalidades. A fonte esgotou-se? Os ricos e poderosos exerceram as pressões certas? Vamos esperar para ver o que acontece nos próximos tempos. Mas, para já, mesmo que tenhamos offshores, somos todos bons rapazes.

Ficha técnica

O Barómetro de Notícias é desenvolvido pelo Laboratório de Ciências de Comunicação do ISCTE-IUL como produto do Projeto Jornalismo e Sociedade e em associação com o Observatório Europeu de Jornalismo. É coordenado por Gustavo Cardoso, Décio Telo, Miguel Crespo e Ana Pinto Martinho. A codificação das notícias é realizada por Rute Oliveira, João Lotra e Sofia Barrocas. Apoios: IPPS-IUL, Jornalismo@ISCTE-IUL, e-TELENEWS MediaMonitor / Marktest 2015, fundações Gulbenkian, FLAD e EDP, Mestrado Comunicação, Cultura e Tecnologias de Informação, LUSA e OberCom.

Análise de conteúdo realizada a partir de uma amostra semanal de 414 notícias destacadas diariamente em 16 órgãos de comunicação social generalistas. São analisadas as 3 notícias mais destacadas nas primeiras páginas da Imprensa (CM, Público, JN, DN e Jornal i), as 5 primeiras notícias nos noticiários da TSF, RR e Antena 1 das 8 horas, as 5 primeiras notícias nos jornais televisivos das 20 horas (RTP1, SIC e TVI) e as 3 notícias com mais destaque nas páginas online de 5 órgãos de comunicação social generalistas selecionados com base nas audiências de Internet e diversidade editorial (amostra revista anualmente). Em 2016 fazem parte da amostra as páginas de Internet do Público, Expresso, Sol, TVI24 e SIC Notícias.

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