Cheias: vítimas foram avisadas - TVI

Cheias: vítimas foram avisadas

Mau tempo fez duas vítimas mortais em Belas (foto Nuno Coimbra/Lusa)

E não avaliaram alertas dos automobilistas, diz Estradas de Portugal. «Mas os sinais de trânsito são os populares?», questiona advogado. Empresa responde ao PDiário que ainda está a decorrer um inquérito, mas em carta declina responsabilidade Imagens da EN117, «um caminho de cabras»

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A empresa Estradas de Portugal declina qualquer responsabilidade no acidente que causou a morte de duas mulheres, em Belas, a 18 de Fevereiro, quando a Grande Lisboa sentiu o efeito de fortes chuvadas e em carta enviada ao advogado das famílias das vítimas, atribui o acidente a «circunstâncias decorrentes de fenómenos naturais extraordinários e imprevisíveis».

No documento, a EP diz ainda que «as vítimas terão sido alertadas por populares e por outros automobilistas» para o perigo de prosseguirem viagem, «não tendo avaliado devidamente esses avisos».

«A resposta é vergonhosa e disparatada. Então em Portugal, os sinais de trânsito são os populares?», diz o advogado das famílias das vítimas ao PortugalDiário, classificando a carta da EP como «indescritível», assim como o sinal que está neste momento no local. Veja as imagens

«O sinal que foi colocado, depois do acidente, é de estreitamento da via e está assente num pneu. O que devia estar ali era um sinal de perigo de derrocada», avança Pragal Colaço, que lamenta que «um caminho de cabras, sem condições de escoamento, seja considerado uma estrada nacional».

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Questionada pelo PortugalDiário sobre este documento, em que declina responsabilidades na morte das duas mulheres, a empresa respondeu, por escrito, que «está a decorrer o inquérito que pretende apurar as circunstâncias em que ocorreram este acidente, pelo que a EP nada tem a acrescentar».

Ao PortugalDiário, Pragal Colaço considera o teor da carta «um absurdo ignóbil» e mantém a acusação de homicídio por negligência. O advogado atira ainda sobre a discrepância da resposta da empresa, dada ao nosso jornal, e do documento recebido no seu escritório. «Na carta, a EP tece conclusões e depois envia um comunicado em que diz que a situação ainda está em fase de inquérito?».

Apesar da carta recebida por Pragal Colaço [ver documento aqui], o mandatário judicial das vítimas não desiste da acusação à empresa e garante que a EP e a câmara de Sintra já tinham sido avisados sobre o estado de conservação da via, assim como o mau estado do muro que a separava da ribeira do Jamor.

Na carta enviada pela EP, a empresa afirma, por seu turno, que «a estrada estava devidamente conservada» e «em condições de segurança» e que «o local do acidente se situa junto ao muro de uma quinta, propriedade de um particular, constatando-se que o mesmo não apresentava quaisquer sinais de fragilidade ou de deterioração, de acordo com os serviços de fiscalização levados a cabo pela brigada de conservação dos serviços da EP, com jurisdição no local».

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