Papa fala da pedofilia e avisa: «Perdão não substitui a justiça»

Bento XVI defendeu esta terça-feira que a «maior perseguição à Igreja» não vem de «inimigos de fora, mas nasce do pecado da Igreja». Em declarações aos jornalistas no avião que o levou de Roma a Lisboa, também fez uma re-interpretação do terceiro segredo de Fátima.

Leia aqui as três perguntas feitas ao Papa

«A Igreja tem uma profunda necessidade de reaprender a penitência, de aceitar a purificação, implorar perdão», disse Bento XVI, que se referiu também à «necessidade da justiça» em todo o processo.

Agora que vai visitar Fátima e tendo como pano de fundo a profecia sobre os sofrimentos do Papa, que foi revelada na terceira parte do Segredo de Fátima, no ano 2000, o Papa falou sobre os casos de pedofilia que têm abalado a Igreja Católica durante a viagem até Portugal, fazendo uma nova abordagem.

As declarações estão a ter grande impacto internacional, com o jornal «El Mundo» a escrever mesmo que «o Papa diz que o terceiro segredo de Fátima revelou o escândalo de pederastia» e o «Corriere della Sera» a confirmar: «Pedofilia no terceiro segredo de Fátima».

«Hoje, as maiores perseguições à Igreja não vêm de fora, mas dos pecados que há dentro da própria Igreja. É aterrador como sofre a Igreja com esses ataques e esses pecados», declarou», respondendo à terceira de três perguntas seleccionadas pelo porta-voz do Vaticano, Frederico Lombardi.

«O perdão não substitui a justiça»

A questão, aliás, já colocava mesmo hipótese de o terceiro segredo de Fátima ter uma interpretação para além da tentativa de assassinato a João Paulo II, como os escândalos de pedofilia que têm surgido em várias partes do mundo. «O perdão não substitui a justiça», declarou.

Na sua perspectiva, «para além da missão de sofrimento do Papa, que numa primeira instância se pode relacionar com o atentado a João Paulo II [ndr: em 1981, por Ali Agca]», é importante notar que a mensagem de Fátima «não se refere a situações particulares, mas exige uma conversão permanente, penitência, oração e a existência das virtudes de fé, esperança e caridade».

O Papa não deixa dúvidas sobre a sua condenação aos actos de pedofilia na Igreja. A novidade na mensagem do terceiro segredo é que «os ataques ao Papa e à Igreja não vêm só de fora, mas o pecado existe na própria Igreja». «Vimos isso sempre, mas agora vemos de uma maneira realmente aterradora: a maior perseguição à Igreja não vem dos inimigos exteriores, mas nasce do pecado da Igreja. E a Igreja tem, portanto, profunda necessidade de reaprender a penitência, aceitar a purificação, aprender o perdão, mas também a necessidade de justiça. O perdão não substitui a justiça».

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