Noite Branca: «O Hugo matou o Gaiato» - TVI

Noite Branca: «O Hugo matou o Gaiato»

Hugo Rocha, um dos suspeitos do homicídio do segurança da discoteca «El Sonero»

A versão de «Berto Maluco» sobre o crime contada pela companheira ao tribunal

Relacionados
«O Hugo [Rocha] matou o Gaiato. O Hugo vai morrer». Estas foram, segundo a sua companheira, as primeiras palavras que Alberto Ferreira (conhecido com Berto Maluco) disse ao chegar a casa após o homicídio que vitimou o segurança da discoteca El Sonero. Andrea Machado, que durante 6 anos viveu com «Berto Maluco», e tem protecção policial desde que este foi assassinado, contou em tribunal aquilo que o companheiro, também segurança e que entretanto também foi assassinado, lhe contou sobre este crime decorrido em Julho de 2007.

Andrea Machado disse que o companheiro chegou a casa por volta das 2 horas da manhã, cerca de uma hora depois do tiroteio. «O Berto vinha branco, estava em estado de choque», disse, adiantando mais tarde que Alberto Ferreira lhe disse em seguida: «O Hugo agiu em legítima defesa. O Gaiato foi vítima dele próprio. Se ele não tivesse disparado, o Hugo também não tinha disparado».

Berto terá contado à companheira que, ao chegar o El Sonero, «o Gaiato lhe apontou a arma». «O Berto disse-lhe para ter calma, que só queria falar com ele. Que não lhe ia fazer mal, nem tinha nada para lhe fazer mal. Mas ele fugiu lá para dentro». Depois, e já no andar de baixo da discoteca, onde ficava a despensa e a cozinha, a situação ter-se-á complicado. «O Nuno já tinha a arma para baixo, como se estivesse mais calmo quando o Hugo chegou por detrás do Berto com uma arma na mão e a dizer: "Nuno baixa isso". O Hugo fez um barulho com a arma, como se fosse a puxar o gatilho, não sei bem, e o Nuno deve ter-se assustado porque disparou. Ao cair, o Hugo disparou também», contou Andrea.

«O Berto disse-me que foi tudo muito rápido. Que também podia ter morrido porque estava ali no meio deles. Só teve tempo de se desviar para o lado e quando viu, estavam os dois caídos», contou a testemunha. «Ele disse que depois pegou no Hugo e ajudou-o a vir para cima. A meio do caminho sentiu que ele estava a perder as forças e dizia: "Deixa-me ficar, deixa-me ficar". O Berto até teve que pegar nele para saltarem um muro. Depois, deixou-o no hospital e acho que ele ia morrer».

Desavença em discoteca «responsável» pelo confronto

A companheira de Berto «Maluco» explicou que foi uma desavença ocorrida cerca de uma semana antes na discoteca Number One, envolvendo Nuno Gaiato, que originou o confronto. «Antes disso, o Berto e o Nuno falavam bem». «O Berto disse que a casa era dele e estava chateado por o Gaiato ter arranjado problemas».

A este episódio seguiu-se, segundo a testemunha, um telefonema entre os dois seguranças, que Andrea também ouviu por Berto ter colocado o telefone em voz alta. Alberto Ferreira queria que Nuno Gaiato não voltasse à Number One, mas o outro respondeu-lhe que fazia o que queria.

Este telefonema terá irritado ainda mais Alberto Ferreira, levando-o a decidir, dias mais tarde ir falar com Nuno Gaiato ao local de trabalho. «Ele disse-me que ia falar com ele e eu disse-lhe: "Vê lá, tem cuidado. Não lhe faças nada"», disse Andrea. «Eu sei que ele era capaz de chegar lá e lhe dar uns safanões. Tive medo que lhe batesse tanto que, por exemplo, lhe partisse os maxilares, como já tinha feito com um», explicou, negando contudo que o companheiro fosse capaz de uma execução, «muito menos ao Nuno Gaiato». «Ele quando chegou estava em choque e dizia: "eu gostava do miúdo"».

A companheira disse ainda que, até esse incidente nunca tinha visto Berto armada, mas confessa que, algum tempo depois deste incidente, antes de ser morto, andava com a arma que um amigo lhe emprestou.

Andrea contou que Berto lhe tinha dito «que ia com o Hugo, o Timóteo e o Vasco». «Disse-me: "Não sei com que é que ele vai estar e ele sabe que, mais cedo ou mais tarde, eu vou lá falar com ele"». A testemunha disse ainda que o seu companheiro sempre lhe assegurou que «só ia lá falar com ele».

Continuação: «Ele tinha medo de ser preso»
Continue a ler esta notícia

Relacionados