Dono da Bial criou offshore em 2004
O presidente não executivo da Bial, Luís Portela, é um dos empresários que recorreram a offshores criadas pela empresa Mossack Fonseca.
O dono da maior farmacêutica portuguesa surge associado à Grandison International Group Corp, uma offshore no Panamá na qual Luís Portela assumiu direitos de procuração em 2004, com o poder de movimentar dinheiro e ativos na conta bancária que lhe estava associada.
Segundo a documentação dos Papéis do Panamá, Luís Portela controlava aquela offshore de forma indireta. A empresa terá entretanto sido encerrada. O empresário não quis entrar em pormenores sobre este assunto, mas lembrou que a própria Bial tem presença no Panamá.
“A Bial tem uma filial no Panamá, a partir de onde coordenamos a nossa atividade nos diferentes países da América Central onde operamos. É um negócio que se tem vindo a desenvolver ao longo dos anos. No que diz respeito a questões fiscais, devo dizer-lhe que quer eu, quer Bial cumprimos escrupulosamente os preceitos aplicáveis”, respondeu Luís Portela ao Expresso.
Já depois da aquisição da Grandison International Group por Luís Portela, cujo objetivo o empresário não esclareceu, a Bial veio a criar no Panamá a Bial América Latina SA, constituída em 2009, com o apoio do escritório de advogados Silvera, Lezcano & Associates. Desde então a farmacêutica portuguesa tem intensificado a sua ligação ao país da América Central.
Em setembro de 2015, o ministro panamiano da Saúde, Javier Terrientes, esteve nas sede da companhia, na Trofa.
Ilídio Pinho no Panamá em 2006
Criou Ilídio Pinho alguma offshore no Panamá para si ou para o seu grupo empresarial? “Não, de todo! Absolutamente zero!”, respondeu o empresário por telefone ao Expresso.
No entanto, os documentos que resultaram da fuga de informação da Mossack Fonseca mostram que Ilídio Pinho e um conjunto de pessoas que com ele trabalham há vários anos estiveram associados a empresas offshore.
Os dados dos Papéis do Panamá revelam que, em 2006 Ilídio Pinho, e mais oito pessoas obtiveram “luz verde” para abrir e fechar contas da empresa IPC Management Inc, ligada ao veículo offshore Stardec Investments SA, do Panamá.
“Não tenho rigososamente nada a ver com isso”, contesta Ilídio Pinho, cujo grupo (IP Holding) é o maior acionista da Fomentinvest (empresa da qual Pedro Passos Coelho foi administrador).
“Cumprimos rigorosamente as nossas obrigações fiscais”, assegura ainda o empresário, sublinhando o papel que a fundação com o seu nome tem tido no apoio a projetos científicos em Portugal.
Ilídio Pinho, que doou cerca de 50 milhões de euros do seu património para a criação dessa fundação, é também um dos membros do Conselho Geral e de Supervisão da EDP. O também fundador do grupo Colep foi, entre outras funções, administrador não executivo do BES entre 2000 e 2005.