Empresários portugueses nos Papéis do Panamá - TVI

Empresários portugueses nos Papéis do Panamá

  • Micael Pereira (Expresso), Rui Araújo (TVI) com Miguel Prado (Expresso)
  • 9 abr 2016, 00:00
Mossack Fonseca (Reuters)

É a maior fuga de documentos confidenciais sobre o negócio dos paraísos fiscais. E é ainda a maior investigação de sempre do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ)


Dono da Bial criou offshore em 2004


O presidente não executivo da Bial, Luís Portela, é um dos empresários que recorreram a offshores criadas pela empresa Mossack Fonseca.

O dono da maior farmacêutica portuguesa surge associado à Grandison International Group Corp, uma offshore no Panamá na qual Luís Portela assumiu direitos de procuração em 2004, com o poder de movimentar dinheiro e ativos na conta bancária que lhe estava associada.

Segundo a documentação dos Papéis do Panamá, Luís Portela controlava aquela offshore de forma indireta. A empresa terá entretanto sido encerrada. O empresário não quis entrar em pormenores sobre este assunto, mas lembrou que a própria Bial tem presença no Panamá.

“A Bial tem uma filial no Panamá, a partir de onde coordenamos a nossa atividade nos diferentes países da América Central onde operamos. É um negócio que se tem vindo a desenvolver ao longo dos anos. No que diz respeito a questões fiscais, devo dizer-lhe que quer eu, quer Bial cumprimos escrupulosamente os preceitos aplicáveis”, respondeu Luís Portela ao Expresso.

Já depois da aquisição da Grandison International Group por Luís Portela, cujo objetivo o empresário não esclareceu, a Bial veio a criar no Panamá a Bial América Latina SA, constituída em 2009, com o apoio do escritório de advogados Silvera, Lezcano & Associates. Desde então a farmacêutica portuguesa tem intensificado a sua ligação ao país da América Central.

Em setembro de 2015, o ministro panamiano da Saúde, Javier Terrientes, esteve nas sede da companhia, na Trofa.


Ilídio Pinho no Panamá em 2006 

 

Criou Ilídio Pinho alguma offshore no Panamá para si ou para o seu grupo empresarial? “Não, de todo! Absolutamente zero!”, respondeu o empresário por telefone ao Expresso.

No entanto, os documentos que resultaram da fuga de informação da Mossack Fonseca mostram que Ilídio Pinho e um conjunto de pessoas que com ele trabalham há vários anos estiveram associados a empresas offshore.

Os dados dos Papéis do Panamá revelam que, em 2006 Ilídio Pinho, e mais oito pessoas obtiveram “luz verde” para abrir e fechar contas da empresa IPC Management Inc, ligada ao veículo offshore Stardec Investments SA, do Panamá.

“Não tenho rigososamente nada a ver com isso”, contesta Ilídio Pinho, cujo grupo (IP Holding) é o maior acionista da Fomentinvest (empresa da qual Pedro Passos Coelho foi administrador).

“Cumprimos rigorosamente as nossas obrigações fiscais”, assegura ainda o empresário, sublinhando o papel que a fundação com o seu nome tem tido no apoio a projetos científicos em Portugal.

Ilídio Pinho, que doou cerca de 50 milhões de euros do seu património para a criação dessa fundação, é também um dos membros do Conselho Geral e de Supervisão da EDP. O também fundador do grupo Colep foi, entre outras funções, administrador não executivo do BES entre 2000 e 2005. 

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