Ponte de Lima: café a 35 cêntimos - TVI

Ponte de Lima: café a 35 cêntimos

  • Portugal Diário
  • 7 mar 2008, 09:56
Chávena de café (arquivo)

Dono garante que mesmo assim margem de lucro é superior a 40 por cento

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Um café de Ponte de Lima «ignora» a inflação e ainda cobra hoje 35 cêntimos por uma café, exactamente o mesmo valor que praticava há seis anos atrás, quando o escudo deu lugar ao euro, escreve a Lusa.

«Antes de aparecer o euro, servíamos o café a 70 escudos. Na altura da transição, limitámo-nos a fazer a conversão. Fixámos o preço em 35 cêntimos e desde aí nunca mais o aumentámos», disse, à Lusa, o proprietário do estabelecimento.

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Alberto Amorim Martins, dono de um café em Calheiros, Ponte de Lima, acrescentou que, mesmo assim, os cafés ainda lhe proporcionam uma margem de lucro superior a 40 por cento.

«Se eu compro um quilo de café por 15 ou 16 euros, e se um quilo de café me dá para uns 120, é só fazer as contas», referiu Alberto Martins, localmente mais conhecido por «Bertinho».

No país, um café custa actualmente, em média, 55 cêntimos, um preço que, segundo disse à Lusa o secretário-geral da Associação da Restauração e Similares de Portugal (ARESP), José Manuel Esteves, irá «inevitavelmente aumentar, muito em breve».

Desde o euro que não aumenta

«Não há hipótese. O preço café subiu 30 por cento nos mercados internacionais, e em Portugal desde a entrada do euro que os cafés e restaurantes não mexem no preço que cobram aos clientes. Mas agora a subida é inevitável», referiu José Manuel Esteves.

Sublinhou que um quilo de café está a ser vendido à restauração por 20 euros quando o preço justo deveria ser de quatro euros, e tudo por culpa da «bolsa especulativa», já que não há falta de produção. Disse que há até países, como o Brasil e o Vietname, que não conseguem escoar a sua produção.

«Em Portugal, vende-se o café mais barato da Europa. O país mais próximo de nós em termos de preços é a Macedónia que cobra um euro por café em média. Em Espanha e na França, paga-se um euro e meio. A Holanda cobra o preço médio mais caro, que é de três euros», disse aquele responsável.

«Bertinho» de Ponte de Lima não se convence

«Mas cada um é que sabe de si. Eu, se subir, nunca será mais de cinco cêntimos. Sei que a vida está cara, estou numa pequena aldeia e, por isso, não podemos querer margens de lucro exorbitantes, sem pensar no bolso dos clientes», disse Alberto Martins.

Este comerciante é, frequentemente, obrigado a repetir uma ou duas vezes o preço do café, sobretudo quando recebe clientes «de fora». «Não é por isso que vou ficar mais pobre. O que eu quero é que os meus clientes se sintam bem na minha casa», remata Alberto Martins, 72 anos de idade, mais de 50 dos quais passados detrás do balcão daquele café.
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