Souto de Moura diz que Leão de Ouro mostra "valor e nível da arquitetura portuguesa" - TVI

Souto de Moura diz que Leão de Ouro mostra "valor e nível da arquitetura portuguesa"

  • 26 mai 2018, 15:57
Souto de Moura - Leão de Ouro (Veneza)

Recuperação de monte alentejano e a sua adaptação a hotel valeram o prémio ao arquiteto na Bienal de Veneza, em Itália. Presidente da República e Governo aplaudem distinção

O arquiteto Eduardo Souto de Moura, distinguido este sábado na Bienal de Arquitetura de Veneza, considera o prémio “o reconhecimento do valor e do nível da arquitetura portuguesa”, que “cada vez é mais reconhecida nos sítios que exigem mais qualidade”.

É mais uma [distinção], estou contente pela arquitetura portuguesa, que cada vez é mais reconhecida nos sítios que exigem mais qualidade”, afirmou Souto de Moura em declarações à agência Lusa após ter sido distinguido com um Leão de Ouro na 16.ª Exposição Internacional de Arquitetura da Bienal de Veneza, que abriu hoje ao público naquela cidade italiana.

Considerando que “o pavilhão de Portugal [na exposição] era dos melhores, com um conjunto de arquitetos que não é fácil encontrar”, Souto de Moura encara esta nova distinção como “o reconhecimento do valor e do nível da arquitetura portuguesa”.

Isto tudo vem de uma tradição do Siza [Vieira], do [Fernando] Távora e de outros arquitetos”, sustentou, salientando que atualmente “a arquitetura portuguesa é muito bem vista” e tem “uma qualidade superior à da maior parte dos países europeus”.

E já não é de agora, estamos fartos de ganhar prémios, o que para mim é uma vaidade, ficamos orgulhosos”, acrescentou.

Relativamente ao projeto distinguido pelo júri da exposição - o complexo turístico de São Lourenço do Barrocal, a recuperação de um monte alentejano e a sua adaptação a hotel – Souto de Moura disse que foi “um projeto muito difícil, porque não é radical”: “Já fiz outros projetos mais modernos, mais antigos, este era a procura de um tom que não destruísse o ambiente do edifício e da paisagem. É um projeto de risco porque estava quase no limite do pastiche [obra em que se imita abertamente o estilo de outros artistas], era uma imitação do antigo”, explicou.

Otimista com nova geração

Muito otimista quanto à nova geração de arquitetos em Portugal - que descreve como “excecional, quer no Porto, quer em Lisboa”, e que começa agora a recuperar do período mais difícil vivido com a crise económica – Eduardo Souto de Moura diz que o que falta hoje à arquitetura é “tempo”.

A arquitetura cada vez está mais difícil, está a mudar. Os clientes pedem os projetos para ontem, não há tempo, e a falta de tempo é um convite à mediocridade”, sustentou.

Portanto, gostava que este projeto [do Barrocal], que demorou algum tempo, o tempo justo, servisse de receita a outros projetos que pedem a uma velocidade que não é possível fazer”.

Marcelo elogia

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, já felicitou o arquiteto Eduardo Souto Moura por ter recebido o Leão de Ouro da Bienal de Arquitetura de Veneza.

Felicito o arquiteto Eduardo Souto Moura, a quem foi atribuído o Leão de Ouro da Bienal de Arquitetura de Veneza”, lê-se no site da Presidência da República.

A participação portuguesa nesta edição da Bienal inclui doze edifícios públicos projetados por arquitetos de várias gerações, cuja criatividade e reconhecimento tenho assinalado em diversas circunstâncias”, refere, realçando ainda que “Souto Moura apresentou fotografias aéreas do seu projeto, demonstrando o engenho e o rigor presentes tanto numa ideia como na sua concretização”.

Também o ministro da Cultura felicitou o arquiteto Eduardo Souto de Moura, por ter sido distinguido com um Leão de Ouro na Bienal de Arquitetura de Veneza, divulgou, em comunicado, o Ministério da Cultura.

O ministro da Cultura, Luís Filipe de Castro Mendes, congratula o arquiteto Eduardo Souto de Moura pela distinção recebida na Bienal Internacional de Arquitetura de Veneza”, lê-se no documento.

O comunicado referiu que “Eduardo Souto de Moura vence o Leão de Ouro da 16.ª Bienal Internacional de Arquitetura de Veneza com o projeto ‘São Lourenço do Barrocal’", em Monsaraz, no Alentejo.

De acordo com esta nota de imprensa, ainda que “com vista sobre Monsaraz e banhado pelas águas do Alqueva, um monte agrícola do século XIX foi reconvertido por Souto de Moura num hotel, recriando todo um povoado, recuperando o espaço existente e respeitando todos os elementos do edificado e naturais envolventes”.

Uma obra absolutamente excecional que merece ser conhecida e vivida, e que resume o tema geral da exposição da Bienal de Veneza, ‘Freespace/Espaço Livre’”, avaliou o ministro, na declaração emitida em comunicado.

Souto de Moura está integrado em diversas exposições nesta Bienal de Veneza, o que representa uma oportunidade única para conhecer e experienciar as suas propostas e apreciar a forma surpreendentemente inteligente e delicada de expor as suas criações”, de acordo com o documento.

Nascido em 1952, Eduardo Souto de Moura, vencedor do Prémio Pritzker 2011 - considerado o Prémio Nobel da arquitetura -, assinou, entre outros projetos, o Estádio Municipal de Braga, a Casa das Histórias Paula Rego, em Cascais, e o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, em Bragança.

Em 2016 foi premiado pela X Bienal Ibero-americana de Arquitetura e Urbanismo (BIAU), que decorreu em Madrid, "pelo importante contributo do seu ensino em universidades de diversos países", e recebeu em 2017 o Piranesi Prix de Rome 2017, um prémio de carreira atribuído pela Academia Adrianea de Arquitetura e Arqueologia Onlus, em Roma.

Prémio dos mais importantes

Já o presidente da Ordem dos Arquitetos congratulou-se com a atribuição do Leão de Ouro ao arquiteto português Souto de Moura, na Bienal de Veneza, considerando ser um dos prémios mais importantes a nível internacional.

É muito importante a distinção de Souto de Moura. É claramente um dos prémios mais importantes a nível internacional e a sucessão de prémios com que tem sido distinguido mostram que não é por acaso, mas pela grande qualidade que tem mantido ao longo dos anos”, disse à Lusa José Manuel Pedreirinho.

O presidente da Ordem dos Arquitetos destacou a importância de esta ser uma obra de grande qualidade e feita em Portugal e de a distinção ter sido feita numa bienal onde Souto de Moura está também representado com “outro projeto extraordinário que é uma capela no pavilhão do Vaticano”.

Não é por acaso que esta obra coincide com a atribuição do Leão de Ouro, um dos maiores galardões que pode ser atribuído a um arquiteto no mundo inteiro”, frisou.

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