O Bloco de Esquerda entregou esta sexta-feira na Assembleia da República um pedido de apreciação parlamentar sobre as regras do concurso de professores, por discordar que a avaliação de desempenho deste ano conte para ordenar os candidatos nas colocações, avança a agência Lusa.
«A avaliação de desempenho, na forma como está a decorrer, não tem credibilidade nenhuma e não faz sentido integrá-la já neste concurso de professores, porque vai criar situações de injustiça», disse à Lusa a deputada Ana Drago.
Ana Drago explicou ainda que outra das «situações bizarras» que pode conduzir a injustiças é que o concurso selecciona professores para os próximos quatro anos e a avaliação é feita de dois em dois.
«O que conta é a última avaliação e, portanto, se um professor tiver primeiro um «excelente» e depois um «bom» fica com zero, mas se tiver um «bom» e depois um «excelente» já fica com dois pontos» e com mais hipóteses de ficar colocado à frente «apesar de esta classificação ser apenas uma questão de precedência», exemplificou.
Além dos deputados do BE, assinaram o pedido de apreciação, os deputados não inscritos Luísa Mesquita, José Paulo Carvalho e Pedro Quartin Graça.
Pedido de avaliação parlamentar
Um pedido de avaliação parlamentar obriga os deputados a analisar o assunto em causa quando assinado por mais de 10 deputados, o que é o caso.
«O movimento generalizado de não entrega dos chamados objectivos individuais tem dado origem a situações muito díspares para docentes que se encontrarão em situação semelhante», salientam ainda os subscritores, destacando que numas escolas os objectivos não entregues foram estabelecidos pelos presidentes dos conselhos executivos e noutras «os presidentes consideraram a não entrega como uma recusa de participação em todo o processo».
Novas regras do concurso de professores
Segundo as novas regras do concurso de professores, as colocações serão válidas para quatro anos e a avaliação será considerada no recrutamento de 2013 para a maioria dos professores.
No caso dos contratados e dos docentes pertencentes aos quadros de uma região, ambos sujeitos a concursos anuais, a classificação que obtiverem vai pesar já em 2010. O mesmo acontece com os professores dos quadros que pediram destacamento para aproximação à residência ou por terem «horário-zero», que têm igualmente de se apresentar a concurso todos os anos.
O pedido do Bloco de Esquerda seguiu-se a um debate parlamentar agendado por este partido para esta manhã, que pedia um esclarecimento do Governo acerca dos procedimentos do processo de avaliação de professores e sobre o que acontece aos docentes que não entregaram os seus objectivos individuais, uma das primeiras etapas da avaliação.
Bloco e oposição reiteraram que as medidas adoptadas pelo ministério da Educação têm causado instabilidade nas escolas e condicionado o trabalho dos professores.
«Isso não é verdade. Os professores trabalham. São o grupo profissional mais qualificado em Portugal», respondeu o ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva, salientando ainda que estava ali a defender «os alunos e as famílias» das «ameaças veladas» dos sindicatos de que «a avaliação do terceiro período estaria em perigo».
«O Governo não permitirá que a avaliação dos alunos e a paz e interesse das famílias e dos alunos esteja em causa por interesses pré-eleitorais», garantiu.
Na sequência de um agendamento potestativo do PSD, a ministra da Educação vai ser ouvida na próxima quarta-feira na Comissão de Educação e Ciência do Parlamento, para explicar as eventuais consequências da não entrega por parte dos professores dos objectivos individuais, no âmbito da avaliação de desempenho.
Bloco pede apreciação do concurso de professores
- Redação
- AP
- 20 mar 2009, 16:42
«A avaliação de desempenho não tem credibilidade nenhuma», afirma Ana Drago
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