Os sete suspeitos de envolvimento no sequestro e homicídio de um empresário de Braga chegaram esta quarta-feira, pelas 16:00, ao Tribunal de Guimarães, sob forte aparato policial, para serem ouvidos por um juiz de instrução de criminal.
O juiz presidente daquele tribunal disse aos jornalistas que o primeiro interrogatório judicial começará ainda hoje, não sendo, no entanto, possível prever quando terminará. Acrescentou que, no final, será lido um comunicado com as medidas de coação aplicadas a cada arguido.
Um empresário de 42 anos foi raptado a 11 de março, em Lamaçães, Braga, quando se preparava para entrar em casa. O rapto foi testemunhado pela filha da vítima, de oito anos.
Os dois raptores atuaram encapuzados e armados, agrediram o empresário e levaram-no de carro. Desde então, o empresário nunca mais foi localizado.
Na terça-feira, a Polícia Judiciária deteve sete suspeitos, com idades compreendidas entre os 27 e os 41 anos e advogados e empresários de profissão. A operação decorreu nas zonas norte e centro e incluiu diversas buscas domiciliárias em escritório de advogados e estabelecimentos. Foi ainda dado cumprimento a sete mandados de detenção fora de flagrante delito, emitidos pelo Ministério Público.
Uma das buscas teve lugar no escritório de advogados de Pedro Grancho Bourbon, de Braga, que chegou a representar o empresário desaparecido em alguns processos relacionados com as suas empresas. Aquele advogado é um dos detidos.
No comunicado, a PJ imputa aos sete detidos a presumível autoria, entre outros, de crimes de sequestro qualificado e homicídio, praticados entre as cidades de Braga e Porto, em março. Ao imputar o crime de homicídio aos detidos, a PJ admite, assim, que o empresário estará morto, apesar de o corpo ainda não ter sido encontrado.
Durante as buscas, uma operação batizada de "Fireball", a PJ apreendeu várias armas de fogo, gorros, algemas, elevadas quantias de dinheiro e viaturas, entre outros objetos e documentos com relevância probatória.
As autoridades suspeitam que na origem do crime terá estado um "esquema" montado para esconder o património do pai da vítima, na sequência da falência das suas empresas de construção civil. O objetivo seria colocar esse património, avaliado em mais de 2,5 milhões de euros, a salvo dos credores. Esse património terá sido passado para uma "empresa fantasma", constituída por alguns dos arguidos.
Mais tarde, o pai da vítima terá manifestado vontade de aceder ao seu património, mas não conseguiu, tendo entretanto posto o caso em tribunal. O empresário raptado seria uma das testemunhas fundamentais do processo e o elemento da família mais empenhado na recuperação dos bens.
O rapto e o homicídio poderão ter sido "encomendados" a operacionais da zona do Porto. Um dos detidos já tem antecedentes criminais por homicídio na forma tentada e tráfico de estupefacientes.