Testemunha revela que Rosalina estava "muito preocupada" com Duarte Lima - TVI

Testemunha revela que Rosalina estava "muito preocupada" com Duarte Lima

  • 4 jun 2018, 20:51
Duarte Lima (LUSA)

Rosalina foi morta a tiro e cujo corpo foi encontrado numa berma de estrada em Maricá, perto do Rio de Janeiro, e contou a uma maiga que Duarte Lima queria que ela assinasse documentos "que não eram verdadeiros"

Rosemary Spínola, amiga íntima da companheira do milionário português Tomé Feteira, revelou hoje em julgamento que Rosalina Ribeiro, na sua última viagem ao Brasil, manifestou-se "muito preocupada" com o comportamento do advogado Duarte Lima, a quem confiara dinheiro.

Amiga de longa data de Rosalina Ribeiro, assassinada em 2009, Rosemary Spínola prestou declarações como testemunha, via Skype, a partir do Brasil, no julgamento em que o antigo deputado do PSD está acusado do crime de abuso de confiança, por alegadamente se ter apropriado indevidamente de cinco milhões de euros que pertenciam a Rosalina Ribeiro, morta a tiro e cujo corpo foi encontrado numa berma de estrada em Maricá, perto do Rio de Janeiro.

A testemunha contou ao tribunal que, na sua última viagem ao Brasil, "Lina" (Rosalina) lhe confidenciou estar "muito preocupada" com o advogado Duarte Lima porque este "não estava a agir de forma correta com ela", tendo-lhe dito igualmente que confiara ao advogado uma "importância grande" em dinheiro porque havia o risco de a sua conta ser bloqueada no âmbito da partilha da fortuna do milionário Tomé Feteira.

Rosemary Spínola disse que não soube precisar a quantia exata que terá ficado à guarda de Duarte Lima, nem em que contas ou país esse dinheiro terá sido colocado, mas garantiu que o advogado português era quem aconselhava Rosalina Ribeiro e "tratava das coisas" dela, no âmbito do processo de inventário da fortuna de Tomé Feteira.

Dizendo ser das poucas amigas íntimas de Rosalina Ribeiro, a par da cantora Maria Alcina, que reside no Brasil, a testemunha relatou ainda ao tribunal que "Lina" lhe comunicou, com preocupação, que Duarte Lima queria que ela assinasse uns documentos "que não eram verdadeiros".

Acrescentou que a assinatura destes documentos estava relacionada com os "negócios" que Rosalina Ribeiro tinha com Duarte Lima.

Tudo isto ocorreu na última viagem de Rosalina Ribeiro ao Brasil, pouco tempo antes de ter sido assassinada, frisou a testemunha, atualmente aposentada e que mantinha uma conta bancária conjunta com Rosalina Ribeiro, por vontade desta última, para pagamento de condomínio e outras pequenas despesas, quando a companheira do milionário se ausentava para Portugal.

Apesar de nada saber sobre o rasto do dinheiro alegadamente confiado por Rosalina Ribeiro a Duarte Lima, Rosemary Spínola disse ter conhecimento que "Lina" tinha contas na Suíça porque foi o próprio Tomé Feteira, ainda em vida, que lhe disse ter deixado a Rosalina uma "importância grande" em dinheiro na Suíça.

Os esclarecimentos da testemunha foram prestados na sequência de perguntas da procuradora Paula Soares, do coletivo de juízes, dos assistentes e do advogado de defesa, tendo o mandatário de Duarte Lima requerido ao tribunal a junção aos autos de depoimentos de Rosemary Spínola no âmbito do processo de homicídio de Rosalina Ribeiro que correu termos na justiça brasileira.

Numa anterior sessão de julgamento, Olímpia Feteira, filha única do milionário Lúcio Tomé Feteira, observou que Duarte Lima era um advogado "na sombra" de Rosalina Ribeiro, companheira do seu pai e a quem acusa de ter pretendido apoderar-se da fortuna deixada por Lúcio Tomé Feteira.

Entretanto, Duarte Lima foi condenado em 2017 pela Relação de Lisboa a seis anos de prisão por burla qualificada e branqueamento de capitais no processo Homeland, relacionado com negócios imobiliários que integram o caso BPN.

O antigo líder parlamentar do PSD esgotou os recursos na Relação e no Supremo Tribunal de Justiça, estando o caso ainda pendente no Tribunal Constitucional.

No Brasil, Duarte Lima está acusado do homicídio de Rosalina Ribeiro. O antigo deputado e advogado declara estar inocente.

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