No seguimento da reportagem «A República da Impunidade», emitida no programa Repórter TVI, do passado dia 16 de Janeiro, Assunção Cristas, ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território determinou à Inspecção-Geral da Veterinária a realização de um inquérito «com vista ao rigoroso apuramento dos factos e à eventual imputação de responsabilidades aos envolvidos».
A reportagem sobre as irregularidades praticadas por inspectores sanitários ao serviço da Direcção-Geral de Veterinária no matadouro PEC Nordeste, que deixaram passar para o mercado carne potencialmente infectada com a doença das vacas loucas, suscitou algumas reacções: pedidos de direito de resposta, mas sobretudo uma decisão inédita da titular da pasta da Agricultura.
O despacho de Assunção Cristas, datado de 25 de Janeiro de 2012, é peremptório:
«Tendo em conta a gravidade dos factos relatados na reportagem da TVI, com o título "A república da impunidade" do passado dia 16 de Janeiro de 2012, os quais lançam suspeições sobre a conduta de inspetores sanitários afetos, à data, ao matadouro PEC Nordeste, a qual poderá ter posto em causa a
segurança da carne fresca introduzida no consumo humano, em virtude de potencialmente esta poder transmitir a doença BSE, de grande perigosidade para a saúde humana;
Tendo em conta que a reportagem refere também a ausência de adequada diligência por parte dos serviços, quer na supervisão dos referidos inspetores sanitários, quer no apuramento e imputação de todas as responsabilidades;
Tendo em conta que está também em causa a credibilidade desta importante missão de saúde pública do MAMAOT, a qual prejudica o bom nome dos serviços, dos funcionários e do Estado-membro, e sobretudo prejudica a confiança dos consumidores, a qual urge repor;
E, não obstante, a reportagem referir que os factos já foram denunciados ao Ministério Público por parte de cidadãos e por parte do Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga, determino à Inspeção-Geral a realização de um inquérito, previsto no art.º 66º do estatuto disciplinar dos trabalhadores que exercem funções públicas, com vista ao rigoroso apuramento dos factos e à eventual imputação de responsabilidades aos envolvidos.
Assunção Cristas»
O inquérito inicial descrevia as irregularidades praticadas - incluindo a falsificação de documentos - pelos inspectores. A Direcção-Geral de Veterinária não comunicou então os factos ao Ministério Público. Dois dos quatro inspectores em causa, afastados do Norte - por não terem «perfil psíquico», foram contratados pela mesma instituição noutras regiões do país. Só dois estão, hoje, a contas com a Justiça.
«A República da Impunidade»: MAMAOT abre inquérito
- Redação
- FC
- 1 fev 2012, 20:43
«Com vista ao rigoroso apuramento dos factos e à eventual imputação de responsabilidades aos envolvidos»
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