Pasta misteriosa agita julgamento de Allan Sharif - TVI

Pasta misteriosa agita julgamento de Allan Sharif

Justiça

Objecto é elemento provatório de crime de burla e extorsão levado a cabo por portugueses em países como os Estados Unidos e a Holanda

Relacionados
Uma misteriosa pasta, que a Polícia Judiciária (PJ) assegura existir e um juiz de Mangualde não vislumbra, abriu um braço-de-ferro num julgamento de um alegado burlão informático luso-americano e sete co-arguidos.

Em causa está «uma pasta de cabedal castanho contendo no seu interior uma pasta preta com documentos», que o co-arguido do processo José Abreu Guedes diz ser «absolutamente necessária e imprescindível à sua defesa».

A dita pasta já valeu a José Guedes uma multa de cerca de 300 euros, decretada pelo juiz-presidente por insistência do co-arguido em ter no julgamento o objecto.

A advogada do co-arguido já protestou a decisão de justiça, tendo informado a Lusa que «a persistir esta situação» vai exigir «a nulidade do julgamento».

De acordo com documentos a que a agência Lusa teve acesso, a PJ referenciou e fotografou a pasta em questão, no âmbito de um auto de busca e apreensão, mas o juiz do processo contrapôs que esse material provatório não está «hoje» na lista dos documentos apreendidos.

Em despacho de 18 de Fevereiro, o magistrado argumentou que nas fotos constantes do auto de apreensão «não se identifica a presença de qualquer pasta preta, antes a forra da própria pasta de cabedal castanha ali retratada», e admitiu «ter havido um lapso» no auto da PJ «quanto à identificação daquelas pastas».

A pasta do burlão

José Abreu Guedes é tio e um dos sete alegados colaboradores do luso-americano Allan Sharif, principal arguido do processo que o tribunal de Mangualde julga desde 18 de Janeiro.

O grupo é acusado de dezenas de crimes de extorsão qualificada, burla agravada e branqueamento de capitais de índole transnacional, num processo relacionado com alegados assaltos a bancos, nomeadamente nos EUA.

O grupo actuaria através de uma abordagem telefónica, a partir de Portugal, de empresas onde funcionavam serviços financeiros da Western Union ou da Moneygram, situadas nos Estados Unidos, no Reino Unido, na Holanda e na Dinamarca.

Através da ameaça de deflagração de engenhos explosivos ou «com o uso de expedientes enganatórios», o grupo conseguia obter, através de transferências electrónicas, o pagamento de quantias monetárias em território português, que se estimam superiores a 190 mil euros.

Allan Sharif, 30 anos, que está detido na Guarda devido a este processo, foi alvo de pedidos de extradição, que foram recusados por ter também nacionalidade portuguesa.
Continue a ler esta notícia

Relacionados