«Estão em curso mais de duas dezenas de buscas domiciliárias e uma busca a um órgão de comunicação social, no âmbito de um inquérito dirigido pelo Ministério Público e onde se investigam diversos ataques informáticos», lê-se no comunicado da PGR.
A Polícia Judiciária acrescenta que a operação ocorreu esta manhã, em vários locais do território nacional, e que tinha como objetivo «combate à criminalidade informática e tecnológica, designadamente à atividade ilícita conhecida como hacktivismo».
Durante as buscas ao Tugaleaks e detenção do seu responsável, estiveram presentes um elemento do Sindicato do Jornalistas, um juiz e um magistrado do Ministério Público, referiu.«A investigação procurou atribuir responsabilidade a um conjunto de atos, vulgarmente designados por ataques informáticos, mas que constituem prática de crimes informáticos praticados contra instituições do Estado e também a empresas privadas», adiantou Carlos Cabreiro, coordenador de investigação criminal da PJ, numa conferência imprensa para divulgar a operação.
A operação que contou com mais de «70 funcionários altamente especializados» «visou o apuramento e atribuição de responsabilidades criminais a grupos de cidadãos envolvidos, de forma reiterada, em crimes de sabotagem informática («DDoS»), de dano informático («defacing»), de acesso ilegítimo («hacking») e de acesso indevido («exfiltração de dados»), praticados contra diversos sistemas informáticos do Estado Português e, também, de empresas relevantes do sector privado» , informa a PJ.
Segundo o comunicado, a investigação iniciou-se em abril do ano passado e agora, depois de recolhidas várias provas, foram realizadas «vinte e quatro buscas domiciliárias e a detenção de sete presumíveis autores, um deles de sexo feminino, de idades compreendidas entre os 17 e os 40 anos de idade, nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto».
Além das detenções, foram, ainda, constituídos catorze arguidos e apreendidos dezenas de sistemas informáticos, que «serão objeto de análise forense digital a efetuar pelo departamento especializado da Polícia Judiciária».
Em causa, estão vários ataques informáticos a várias entidades.
«Entre os factos em investigação encontram-se os ataques informáticos a servidores que alojam sites do Ministério Público, da Polícia Judiciária, do Conselho Superior da Magistratura, da EDP e da Comissão da Carteira Profissional de Jornalista», acrescenta a PGR.
A Procuradoria-Geral da República esclarece que os crimes em causa são: de acesso ilegítimo, de dano, de sabotagem informática e ainda de associação criminosa.
Nos casos de sistemas informáticos privativos do Estado Português, os ataques provocaram, segundo a PJ, uma «clara afetação da sua imagem, quanto a matérias de fiabilidade e segurança».
«Este tipo de criminalidade tem, ainda, um efeito erosivo sobre a confiança dos cidadãos nas estruturas nacionais da rede internet, prejudicando a sua credibilidade, nível de segurança e funcionamento regular, bem como comprometendo uma maior e mais segura adesão aos serviços nas redes de informação, processamento e comunicação», conclui aquela polícia.
Recorde-se que o grupo «Anonymous Portugal» lançou já vários ataques informáticos.
Os detidos vão ainda ser presentes ao juiz de instrução, para aplicação de medidas de coacção e a investigação está em segredo de justiça.