Morreu o poeta Armando Silva Carvalho - TVI

Morreu o poeta Armando Silva Carvalho

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  • 1 jun 2017, 11:02
Armando Silva Carvalho

Poeta e tradutor faleceu vítima de doença prolongada

O poeta e tradutor Armando Silva Carvalho morreu esta quinta-feira de manhã, nas instalações da Santa Casa da Misericórdia das Caldas da Rainha, vítima de doença prolongada, anunciou, em comunicado, a Porto Editora.

O funeral do poeta Armando Silva Carvalho realiza-se na sexta-feira, no cemitério de Olho Marinho, em Óbidos, revelou a Associação Portuguesa de Escritores (APE).

José Manuel Vasconcelos, um dos diretores da APE e amigo pessoal de Armando Silva Carvalho, disse à Lusa que o escritor já se encontrava doente há mais de um ano, tendo sido vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e posteriormente diagnosticado com um cancro, “já em estado avançado”.

Armando Silva Carvalho foi inicialmente internado no Hospital de Peniche e, desde há cerca de duas semanas, estava internado no Montepio Rainha Dona Leonor, nas Caldas da Rainha, e não na Santa Casa da Misericórdia, como foi inicialmente divulgado, acrescentou José Manuel Vasconcelos.

O velório realiza-se esta quinta-feira ao fim do dia na Igreja de Olho Marinho, terra natal do poeta no concelho de Óbidos, distrito de Leiria, e na sexta-feira o funeral sairá para o cemitério da mesma aldeia, situada entre Óbidos e Peniche.

Armando Silva Carvalho nasceu em 1938, em Olho Marinho, Óbidos, e era um dos mais importantes poetas portugueses da atualidade, tendo ainda recentemente vencido os mais importantes prémios literários nacionais, com o seu último livro “A Sombra do Mar”, publicado pela Assírio & Alvim, acrescenta o grupo editorial.

Com esta obra, venceu em fevereiro o prémio literário Casino da Póvoa, do Correntes de Escrita, bem como o Prémio PEN de Poesia e o Grande Prémio de Poesia António Feijó, da Associação Portuguesa de Escritores, em 2016.

De acordo com a ata do júri do Prémio Literário Casino da Póvoa, “A Sombra do Mar” foi a obra escolhida “pela força imagética da sua escrita e pela tensão conseguida entre ironia e melancolia”.

O júri referiu que a escolha daquele livro “resultou da demorada análise e discussão deste e de outros livros finalistas”, tendo sido esta opção deliberada “por maioria”.

Numa declaração de voto foi dito ainda que “A Sombra do Mar” é uma obra que “traz um conjunto de poemas formando um corpo orgânico de grande unidade estilística e temática, no qual as alusões ao mar e à água constituem um ‘leitmotiv’ que percorre todo o livro em sucessivas variações: água ‘criteriosa e diária’, água ‘arrepiada’ e ‘águas sobreviventes’”.

Relativamente ao Grande Prémio de Poesia António Feijó, a Associação Portuguesa de Escritores (APE) afirmou, na altura, que o júri em ata referiu que o livro de Armando Silva Carvalho “destaca-se pelo rigoroso domínio da arquitetura poética, considerada quer ao nível da composição de cada poema, quer na organicidade da sequência de poemas” que o constitui.

“Num diálogo constante com vozes tutelares da poesia em língua portuguesa, muito em particular [Fernando] Pessoa, a poesia de Armando Silva Carvalho caracteriza-se pela permanente ironia, a vigiar um lúcido e comovido olhar sobre o tempo, pessoal mas que também reconhecemos como nosso”.

Armando Silva Carvalho estreou-se na poesia em 1965, com “Lírica consumível”, que lhe valeu o Prémio Revelação da APE.

O escritor foi ainda distinguido com o Prémio Pen Clube por "Canis Dei", em 1995, com o Prémio Luís Miguel Nava, em 2000, por "Lisboas" e com Grande Prémio de Poesia APE/CTT 2008, pelo livro "O Amante Japonês".

O escritor foi também advogado, jornalista, professor do ensino secundário e publicitário, mas, numa entrevista concedida ao jornal Público em 2007, afirmou que não era um autor culto e que "a grande tragédia" da sua vida foi ser publicitário.

Desde a década de 1960, Armando Silva Carvalho colaborou em vários jornais e revistas (Diário de Lisboa, Jornal de Letras, O Diário, Poemas Livres ou Colóquio-Letras, entre outras).

Os seus poemas foram incluídos nas "IV Líricas Portuguesas", em 1969, antologia poética organizada por António Ramos Rosa e desde então tem sido representado na generalidade das antologias de poesia portuguesa.

Como tradutor, destaca-se a tradução de autores como Samuel Beckett, Marguerite Duras, Andrei Andreevich Voznesensky, Jean Genet, E. E. Cummings ou Stéphane Mallarmé.

A sua obra está traduzida para castelhano, russo, francês, inglês, sueco, letão, alemão, italiano e holandês.

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