Morreu o escritor João Aguiar - TVI

Morreu o escritor João Aguiar

Morreu escritor João Aguiar

Aos 66 anos não resistiu ao cancro de que sofria

O escritor João Aguiar, de 66 anos, morreu esta quinta-feira em Lisboa, vítima de cancro, disse à Lusa fonte próxima da família.

O escritor João Aguiar, o Tio João da série juvenil «O Bando dos Quatro» foi um dos cultores em Portugal do chamado romance histórico, com «A Voz dos Deuses», publicado em 1984.

João Casimiro Namorado de Aguiar nasceu em 28 de Outubro de 1943 e viveu a infância entre Lisboa, cidade natal, e a Beira, em Moçambique. A mãe ensinou-o a ler para mantê-lo sossegado na cama, durante um longo período de doença, e de leitor interessado passou rapidamente a aspirante a escritor.

Aos oito anos, tentou ditar um livro de aventuras à irmã Maria João mas o sentido crítico dela arrasou-lhe as pretensões. Insistiu com novas obras que foi deitando para o lixo e teve mesmo um «primeiro» livro que só não viu a luz do dia porque a editora faliu antes. Só depois dos 40 anos publicou o primeiro romance, na Perspectivas & Realidades de João Soares: «A Voz dos Deuses», uma ficção histórica centrada na figura de Viriato.

Seguiram-se duas dezenas de romances que o levaram a estudar a história mais remota de Portugal ¿ regressou aos primórdios para falar de Sertório e publicou até um trabalho não ficcionado sobre o menino do Lapedo. Viajou para Macau com a ficção para escrever «Os Comedores de Pérolas» e «O Dragão de Fumo».

Pelo meio, João Aguiar criou duas séries destinadas ao público mais jovem ¿ «Sebastião e os Mundos Secretos» e o «Bando dos Quatro», no qual ele próprio figura na personagem do Tio João. Fez também o libreto para a ópera «A Orquídea Branca» de Jorge Salgueiro, estreada em 2008.

A doença que veio a provocar-lhe a morte impediu-o de concluir o livro que preparava sobre a revolução de 1383.

Numa autobiografia irónica que escreveu para o jornal de Letras em 2005, João Aguiar concluía: «A minha vida não dava um livro, e ainda bem. Em compensação, o facto de os meus livros darem uma vida ¿ boa ou má, não importa para o caso ¿ , esse facto devo-o, em grande parte, aos momentos de não-glória que acabo de relatar. E estou-lhes muito grato».
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