Preservativos de má qualidade «assustam» Lisboa - TVI

Preservativos de má qualidade «assustam» Lisboa

  • Portugal Diário
  • 27 fev 2008, 14:34
Prostituição (arquivo)

Milhares foram dados em zonas de prostituição e podem furar, garante BE. Coordenação para a Infecção VIH/SIDA admite possibilidade de «qualquer produto de consumo» ter «defeito» num universo de quatro milhões Regras para entrada de pessoas com VIH

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Milhares de preservativos de má qualidade foram distribuídos em Novembro do ano passado em zonas de prostituição em Lisboa, pondo em causa o combate ao vírus da Sida, avançou o Rádio Clube.

«Contactámos várias entidades que fazem distribuição de preservativos nas ruas de Lisboa, que foram confrontadas pelas próprias pessoas a quem foram distribuídos com o facto de se tratar de uma marca diferente e sem qualidade», explicou o deputado do Bloco de Esquerda José Soeiro quando questionado pela Lusa esta quarta-feira.

Um só comprimido para combater infecção

Preservativos mais baratos do que um cigarro

Em causa está um lote de preservativos que a Coordenação Nacional para a Infecção VIH/SIDA (CNIS) terá adquirido a uma marca diferente da habitual, devido a uma ruptura de stock, e que segundo souberam as associações que trabalham no terreno eram de má qualidade, rompendo-se com facilidade.

Sérgio Vitorino, da plataforma Panteras Rosa, uma das associações que distribui preservativos em zonas de risco em Lisboa, garantiu à Lusa terem distribuído «entre três e quatro mil» destes preservativos.

Para José Soeiro, esta é uma «questão de saúde pública da maior importância», que «põe completamente em causa a função de protecção destas pessoas que a distribuição gratuita de preservativos pretende cumprir».

Também Margarida Martins, presidente da Abraço, Associação de Apoio a Pessoas Infectadas com VIH/SIDA, revelou à agência Lusa a sua indignação perante este caso.

Situação «muito grave»

Ressalvando que não conhece as circunstâncias do incidente, Margarida Martins fala de uma situação «muito grave» e de «grande risco» para as pessoas que receberam os preservativos, que tem de ser vista «urgentemente» pela CNIS.

«A qualidade dos preservativos é uma questão primordial. Nas nossas campanhas utilizamos sempre a mesma marca, que está certificada pelo Infarmed. Não pode haver nenhuma razão para que se compre o mais barato e sem qualidade» declarou a dirigente da Abraço, instituição de solidariedade social que há mais de 15 anos se dedica ao apoio a pessoas afectadas pelo VIH/SIDA.

Entretanto, o deputado do Bloco de Esquerda escreveu um requerimento ao Ministério da Saúde no qual pergunta à ministra «se teve conhecimento desta situação e se usou algum meio ao seu alcance para informar as pessoas a quem os preservativos foram distribuídos sobre o problema».

«Perguntámos ainda quais são os critérios de qualidade exigidos nos protocolos que o ministério estabelece e que mecanismos há para fiscalizar o seu cumprimento. Como assegura que este problema não volta a acontecer?», questionou José Soeiro, que espera agora por uma resposta da tutela.

Contactado pela Lusa, o coordenador nacional para a infecção VIH/SIDA, Henrique de Barros, afirmou que não dispõe de informação suficiente sobre este caso e que esta é uma acusação que «ainda não está sustentada».

No entanto, o responsável defende-se explicando que a CNIS «distribuiu quatro milhões de preservativos» e que «é sempre possível que qualquer produto de consumo tenha defeito», adiantando ainda que o caso será investigado.

Estas informações surgem no dia em que a Linha Sida, que é tutelada pela CNIS e recebe cerca de 900 chamadas por mês, comemora 15 anos no apoio aos problemas e às questões relacionadas com a doença.
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