«As maneiras de resolver os conflitos que surjam nunca são estas – intimidar pessoas, fazer ataques terroristas e outras coisas do género que são abomináveis, não são de maneira nenhuma aceitáveis ou justificáveis», declarou Manuel Clemente numa conferência de imprensa que decorreu no Colégio Pontifício Português de Roma.
O novo cardeal considerou «trágico» que se multipliquem ataques violentos na Europa, onde convivem «populações de várias etnias e tradições culturais e religiosas».
Este continente, acrescentou, é chamado a ser «uma grande sala onde se encontram visitas de todo o lado e muitas não são visitas, são residentes com igual cidadania».
Manuel Clemente propôs um diálogo que parta da «base irrenunciável» e «absolutamente inquestionável» dos Direitos Humanos para «prevenir e resolver os conflitos».
O cardeal português defendeu a promoção de uma «grande pedagogia social» que permita que as pessoas «aprendam a respeitar-se».
«Não podemos viver ao lado uns dos outros como se não estivéssemos assentes nessa base de direito.»
O cardeal-patriarca de Lisboa foi ainda questionado sobre as declarações do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, o qual apelou este domingo aos judeus europeus a mudarem-se para Israel na sequência dos atentados em Copenhaga contra a principal sinagoga da capital dinamarquesa, em que morreram duas pessoas, entre elas um jovem judeu, e cinco ficaram feridas.
Segundo Manuel Clemente, uma saída dos judeus da Europa seria um «enorme prejuízo», até para Israel, e uma situação «muito negativa» para toda a humanidade.
«Não podemos voltar cada um para o seu reduto», sustentou, convencido de que uma migração em massa dos judeus para Israel «não vai acontecer».
O cardeal-patriarca aludiu, em seguida, ao exemplo de diálogo e de atenção à diferença por parte do atual papa.
«O que é muito típico do papa Francisco é diluir a fronteira entre o eu e o outro», precisou, durante o encontro com a imprensa portuguesa que acompanhou o conclave no qual Manuel Clemente foi criado cardeal.